Por que os humanos não voltaram para a Lua depois de 1972?

Na próxima segunda-feira (29) acontece o lançamento da Missão Artemis 1 para a Lua, o primeiro passo para voltarmos a levar humanos para o local, na Artemis 3, entre 2025 e 2026. O feito será histórico ,já que a última vez que estivemos por lá foi há 50 anos, em 1972, com a Apollo 17 na missão que marcou o fim do icônico programa espacial. Mas se a tecnologia evoluiu tanto nas últimas décadas, porque estamos há tempo tempo longe da Lua?

A resposta para essa dúvida envolve muitos fatores, desde questões tecnológicas, orçamentárias e científicas. Mesmo não tendo levado mais humanos para o satélite natural, diversos equipamentos já foram mandados para explorar o local sem a necessidade de uma pessoa o acompanhando. Aliás, já mandamos robôs para Marte e analisamos outros planetas do nosso sistema com sondas. Então, apesar de não termos mais pisado na Lua, a tecnologia em missões espaciais evoluiu, e muito.

Custos para ir à Lua

Os computadores atuais são infinitamente mais poderosos do que os usados na Apollo 11, que levou humanos para a Lua pela primeira vez. Os equipamentos da nave tinham pouco mais de 4 MB de memória RAM para leitura de dados e uma capacidade de processamento que hoje vemos em laptops para crianças. No entanto, apesar da gigantesca evolução no ramo computacional, o fato é que ir à Lua continua extremamente caro.

Esse é um dos principais motivos de não termos voltado para a Lua: o custo. Primeiro é preciso analisar o contexto do projeto Apollo, no auge da corrida espacial, quando os Estados Unidos precisavam provar sua superioridade ante a União Soviética, que saiu na frente com o Sputnik (o primeiro satélite em órbita) e Yuri Gagarin (primeiro homem no espaço).

Com isso, para os EUA, chegar à Lua não era apenas uma questão científica, mas principalmente uma forma de superar seu principal rival naquele momento. Ou seja: o orçamento do programa Apollo era exorbitante, já que chegar à Lua se tornou uma questão de honra para os EUA, o que deu à missão um carácter militar. 

Com o fim do programa Apollo, os EUA já haviam conquistado seu objetivo e para os Soviéticos, não valia mais a pena investir tanto nessa empreitada após a derrota para os americanos. Depois do período, outros investimentos espaciais importantes, como sondas e telescópios foram feitos, e a ida de humanos à Lua ficou de lado, sendo mais barato e menos arriscado enviar missões não-tripuladas para o local ao invés de colocar astronautas em risco.

Para se ter uma noção, recentemente foi enviada a sonda CAPSTONE para a Lua. O pequeno Cubsat foi lançado no mês passado e deve chegar no satélite natural em novembro. Ou seja, quatro meses de viagem. O tempo é pelo fato da missão ter sido lançada em um foguete bem menos potente do que o Saturno V usado na Apollo, que chegava na Lua em apenas três dias (ou do SLS usado na Artemis). Essa redução de potência, também representa uma forte redução de custos.

Crédito: Nasa/Divulgação

Por que voltar com humanos à Lua agora?

Mas depois de tanto tempo, porque estamos voltando à Lua agora? A missão Artemis surge depois de um momento de baixa para as missões tripuladas da NASA. No governo Obama, o programa Constellation, iniciado na era Bush, foi encerrado, assim como os ônibus espaciais foram aposentados. Isso foi motivado devido a atrasos e ao alto custo do projeto.

Como sabemos, isso não representou o fim da exploração espacial para os EUA. Na verdade, após a aposentadoria do programa dos ônibus espaciais, o congresso dos EUA aprovou que a NASA desenvolvesse um novo foguete para transportar a cápsula Orion. Assim nasceu o SLS e o programa Artemis começou a ganhar forma. 

Isso não muda o fato de o programa ser extremamente caro e ter aumentado de custos desde sua previsão inicial. Até 2025, é estimado que o programa Artemis vai ter custado US$ 93 bilhões aos cofres americanos, o que motivou polêmicas e atrasos nos planos. Mas, por enquanto, o congresso segue mantendo o financiamento do projeto.

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Mesmo com tudo isso, existem motivos para a Lua. Primeiramente, as missões da Apollo não exploraram de maneira profunda o nosso satélite natural e ainda existem diversas áreas pouco analisadas, como os polos, que devem ser o foco inicial da Artemis. Outro motivo, é que a operação pode servir de trampolim para um plano mais ousado: levar astronautas para Marte.

A ideia da NASA é ousada e envolve a construção de uma estação espacial na órbita lunar, a Gateway , que vai permitir retornos muito mais fáceis à Lua. No programa Apollo, a cada nova missão tudo precisava ser feito do zero, o que aumenta significamente os custos. A NASA também pretende usar essa base para apoiar uma eventual missão para enviar humanos a Marte no futuro.

Sobre o futuro da Artemis depois da 3, a NASA já planeja a 4 e missões de retorno para a Lua, incluindo a construção da Gateway em parceria com a agência europeia e a agência japonesa. Mas tudo isso, é claro, depende ainda da aprovação do Congresso dos Estados Unidos.

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