Estudo propõe maior diversidade nos ensaios clínicos de câncer

Entre 2008 e 2018, nos Estados Unidos, apenas 7.8% dos testes incluíam os quatro principais grupos étnicos Com o lema “Diversidade é responsabilidade de todos”, levantamento publicado semana passada na revista on-line “Blood Advances”, da Sociedade Americana de Hematologia, traça estratégias para promover equidade e maior inclusão nos estudos clínicos de câncer. O trabalho destaca as disparidades raciais que caracterizam as pesquisas sobre a doença: entre 2008 e 2018, apenas 7.8% dos testes incluíam os quatro principais grupos étnicos dos Estados Unidos (brancos, latinos, negros e asiáticos).
O oncologista Ruemu Birhiray, membro da American Oncology Network: “diversidade é responsabilidade de todos”
Divulgação
O racismo estrutural, presente em todas as esferas da sociedade, também atinge a pesquisa científica – com o risco de gerar resultados de menor acurácia ou mesmo equivocados, uma vez que não representam a diversidade da população. Além disso, como o tratamento que as pessoas recebem é moldado a partir de ensaios clínicos, a falta de representatividade racial pode afetar seu desfecho e até prejudicar os pacientes.
“Há ações que podem ser postas em prática imediatamente para mudar este cenário”, afirmou o oncologista Ruemu Birhiray, membro da American Oncology Network. Frustrado com essas limitações na pesquisa sobre o câncer, ele desenvolveu uma estratégia para aumentar a diversidade nos estudos clínicos através de uma organização sem fins lucrativos, a Indy Hematology Education. A abordagem proposta pela entidade se baseia em cinco pontos: plano de acesso para garantir equidade e inclusão nos testes; exigência de um responsável pela diversidade nos ensaios clínicos; verificação da efetiva abrangência dos trabalhos; ranqueamento dos estudos com base na diversidade; treinamento e empoderamento de pesquisadores que representem minorias para que monitorem o processo.
Todos os pontos são baseados em recomendações já existentes. No entanto, para o doutor Birhiray, o ranqueamento é o fator com maior potencial de mudança: “vivemos numa sociedade competitiva e todos almejam o primeiro lugar. Ninguém deseja que seu estudo não seja bem avaliado”. O oncologista pretende se dedicar à divulgação de sua causa no 19º. encontro anual da Indy Hematology, que ocorrerá no dia 10 de setembro. Também prepara um documento intitulado “Black Paper” – uma menção aos relatórios, conhecidos como “white papers”, que servem como guias sobre a forma de lidar com uma questão. O objetivo é unir as sociedades médicas e todos os setores ligados ao combate ao câncer para mudar os parâmetros existentes:
“É importante comunicar que coisas tangíveis estão sendo feitas para tornar a medicina mais inclusiva. Diversidade é responsabilidade de todos e, além de raça, temos que considerar gênero, idade e fatores socioeconômicos”.

 

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