Artemis 1: saiba quais são os critérios climáticos definidos pela NASA para o lançamento da missão

Na última segunda-feira (29), o lançamento da missão Artemis 1, o voo não tripulado de estreia do novo programa de exploração lunar e de espaço profundo da NASA, foi suspenso em razão de problemas técnicos (saiba mais detalhes aqui). 

O megafoguete Space Launch System (SLS) posicionado na plataforma de lançamento LC-39B, do Centro Espacial Kennedy, antes do anúncio do adiamento da missão Artemis 1, na segunda-feira (29 de agosto). Imagem: NASA TV

No entanto, mesmo que nenhuma falha tivesse sido detectada, era bem provável que o evento tivesse sido cancelado da mesma forma, tendo em vista o mau tempo que estava se formando no local naquela manhã – havendo, inclusive, incidência de raios, com um deles atingindo a plataforma de lançamento.

Duas datas de backup estavam reservadas para a tão aguardada decolagem do complexo veicular formado pelo megafoguete Space Launch System (SLS) e a cápsula Orion em direção à Lua. A primeira delas seria esta sexta-feira (2), e a outra, segunda-feira (5).

Em uma videoconferência realizada na terça-feira (30), Mike Sarafin, gerente da missão na NASA, informou que a agência resolveu fazer o lançamento no sábado (3), em uma janela de duas horas que se inicia às 15h17 (horário de Brasília). Caso necessário, a segunda-feira continua reservada, em uma janela de lançamento que se inicia por volta das 19h.

Todo esse cronograma depende, entre outros fatores, das condições climáticas na Flórida, em especial em Cabo Canaveral, onde fica o Centro Espacial Kennedy, da NASA, local de lançamento da missão.

Diretrizes meteorológicas foram definidas pela agência como critérios para lançar o SLS com segurança. Esses critérios são bem rígidos e desenvolvidos para evitar possíveis desfechos indesejados.

Critérios meteorológicos para permitir o lançamento da missão Artemis 1

Todos os lançamentos espaciais dependem de condições meteorológicas favoráveis, mas para a missão Artemis 1, em razão da complexidade do megafoguete e das particularidades dos sistemas envolvidos, a NASA foi ainda mais criteriosa na definição das diretrizes.

Para começar, quatro fatores precisaram ser levados em conta antes de rolar o veículo para a plataforma de lançamento. Isso não poderia ter sido feito, se, durante o procedimento:

a previsão de raios fosse superior a 10% dentro de 40 km da área de lançamento;houvesse chance superior a 5% de previsão de granizo na área de lançamento;os ventos máximos excedessem 40 nós na área de lançamento;a temperatura fosse inferior a 4ºC ou superior a 35ºC na área de lançamento.

Passada essa fase, vêm os critérios para o lançamento propriamente dito. Agora, seis fatores básicos devem ser observados: temperatura, vento, precipitação, relâmpagos, nuvens e atividade solar.

Temperatura

Não se deve iniciar o carregamento dos tanques se:

a temperatura média de 24 horas em 40 metros e 80 metros for inferior a 5ºC;a temperatura em 40 metros e 80 metros exceder 35ºC por 30 minutos consecutivos;a temperatura em 40 metros e 80 metros cair abaixo de uma restrição de temperatura definida por 30 minutos consecutivos. 

As restrições de temperatura variam de 3ºC a 9ºC, dependendo do vento e da umidade relativa. O vento mais alto e a umidade relativa resultam em uma restrição de temperatura mais fria.

Vento

Não se deve iniciar a decolagem se:

os ventos forem superiores a uma faixa de 29 nós por 39 nós entre 40 metros e 80 metros, respectivamente;as condições de vento de nível superior possam levar a problemas de controle para o veículo de lançamento.

Precipitação

Designa-se por “precipitação” todo o conjunto de partículas de água, quer no estado líquido, no estado sólido ou nos dois, que caem da atmosfera e que atingem a superfície do globo. A chuva, a neve e o granizo são, portanto, diferentes formas de precipitação. E o veículo não deve ser lançado sob nenhuma dessas condições.

Relâmpago

Não é autorizado começar o carregamento do tanque do estágio central (ou estágio de propulsão criogênica provisória – ICPS) se a previsão de raios for superior a 20% dentro de 9 km da área de lançamento durante o abastecimento.

Nenhum foguete é autorizado a decolar sob relâmpagos. Imagem: Raychel Sanner/Pexels

Também não é permitido iniciar o lançamento:

dentro de 30 minutos após a ocorrência de relâmpagos até 18 km da rota de voo, a menos que condições especificadas relacionadas à distância da nuvem e campos elétricos de superfície possam ser atendidas;se a rota de voo estiver dentro de 18 km dos limites de uma tempestade até 30 minutos após a última descarga de raios ser observada;se a rota de voo estiver dentro de 18 km de uma nuvem de bigorna de tempestade anexa, a menos que a temperatura, o tempo desde o último raio e os critérios de distância possam ser atendidos, e se dentro de 6 km, os critérios máximos de reflexividade do radar também sejam obedecidos;se a rota de voo estiver dentro de 18 km de uma nuvem de tempestade isolada, a menos que a temperatura, o tempo entre os raios e os critérios de distância possam ser atendidos, e se dentro de 6 km, os critérios máximos de reflexividade do radar também sejam obedecidos.

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Nuvens

Em relação às nuvens, não é permitido iniciar o lançamento:

se a rota de voo estiver dentro de 6 km de uma nuvem de detritos de tempestade por 3 horas, a menos que os critérios de temperatura, campo elétrico de superfície e radar possam ser atendidos;se a rota de voo estiver dentro de 10 km de nuvens meteorológicas perturbadas que se estendem a temperaturas congelantes e contêm precipitação moderada ou maior;através de uma camada de nuvem que esteja dentro de 10 km, com mais de 1,3 km de espessura, e se estenda em temperaturas congelantes, a menos que critérios específicos relacionados à reflexividade do radar e altitude das nuvens possam ser atendidos;se a rota de voo estiver dentro de 18 km de nuvens cumulus com certos critérios de distância e altura (há ressalvas adicionais que poderiam ser atendidas para nuvens que não atingem -5ºC);através de nuvens cumulus formadas como resultado ou diretamente ligadas a uma pluma de fumaça, a menos que mais de 60 minutos tenham se passado desde o desprendimento da pluma de fumaça;dentro de 15 minutos, se as leituras de instrumentos de moinho de campo dentro de 10 km da plataforma de lançamento forem iguais ou superiores a 1.500 volts por metro, a menos que ressalvas específicas relacionadas às nuvens dentro de 18 km da rota de voo possam ser atendidas.

Atividade Solar

Por fim, não é permitido iniciar o lançamento durante atividade solar severa ou extrema, resultando em maior densidade de partículas energéticas solares com potencial para danificar circuitos eletrônicos e dificultar ou impossibilitar a comunicação por rádio com o veículo de lançamento.

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