Arquivo diário: outubro 2, 2022

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As dicas de terapeutas de família para ‘consertar’ relações destruídas pela briga política

Desavenças relacionadas às eleições de 2022, por exemplo, podem ser aliviadas com boas doses de paciência e investimento numa relação de respeito à diferença, apontam os psicólogos. Devemos acabar com o conceito de uma família idealizada e sem divergências, apontam psicólogos
Getty Images via BBC
Para muitos brasileiros, a escolha dos próximos governantes trouxe um efeito colateral importante: o rompimento de laços com familiares e amigos que têm uma visão política oposta.
Mas será que existem maneiras de resgatar essas relações?
Terapeutas ouvidos pela BBC News Brasil destacam que, sim, as eleições até podem ser um elemento de ruptura, mas é possível restaurar a proximidade com boas doses de paciência, boa vontade e diálogo.
Para o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), o primeiro passo está em deixar de lado aquela ideia de que as famílias são perfeitas.
“Muita gente enxerga a família como um lugar de santificação. Precisamos encará-la de uma forma mais humana, onde as pessoas cometem erros e são capazes de se desculpar e voltar atrás”, diz.
O especialista entende que o seio familiar nunca foi um lugar de serenidade e concordância, mas, sim, de conflitos.
“Por que será que todo mundo fica receoso antes da festa de Natal? Nós sabemos que ali, quando todos os parentes estiverem reunidos, surgirão conversas desagradáveis, ressentimentos antigos, histórias não resolvidas…”, lista.
“Nas fotos, até parece que todos se dão bem, mas sabemos no fundo que se trata de um barril de pólvora recheado de ciúmes, invejas, traições, dificuldades conjugais e disputas geracionais”, complementa.
Dunker também destaca que dois acontecimentos recentes no Brasil influenciaram a forma como lidamos com pessoas próximas: a votação presidencial de 2018 e a pandemia de Covid-19.
“Há quatro anos, as eleições nos pegaram de surpresa e não estávamos preparados para lidar com tantas posições extremadas. Com isso, muitas brigas e rupturas aconteceram”, analisa.
“Dois anos depois, tivemos a pandemia, em que a necessidade de ficar em isolamento em casa reforçou a importância dos laços sociais e da interação com o outro.”
Na visão do psicanalista, esses dois eventos antagônicos fizeram com que as pessoas criassem maneiras de manter certas relações e ignorar comportamentos ou posições políticas contrárias.
“A gente vê mais claramente agora o papel das ‘tias do deixa disso’, que são aquelas figuras que intervém nos debates antes que eles se transformem em brigas”, observa o professor da USP.
Mas será que esse pacto de silêncio é suficiente para evitar males maiores?
Pandemia reforçou a importância das conexões sociais, analisam especialistas
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Relações exigem empenho
Para a psicóloga Paula Regina Peron, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), jogar a sujeira para debaixo do tapete até evita conflitos no momento, mas pode postergar ou até ampliar problemas futuros.
“O que fica sem conversar na hora se torna difícil de falar depois”, acredita.
“Se você deixa passar todos os incômodos que aparecem, isso só aumenta as dificuldades na relação entre as pessoas”, conta.
A recomendação dela, portanto, é sempre buscar o diálogo, às vezes até com a ajuda de um mediador neutro, ou alguém que conte com o respeito de todas as partes envolvidas no conflito.
“Sempre vai ter aquele parente mais bem humorado, que consegue acalmar os ânimos ou julgar a situação de forma imparcial, apontando os erros de um e de outro”, observa Peron.
A professora da PUC-SP lembra que qualquer relação entre dois indivíduos depende de um investimento mútuo.
“As pessoas precisam se empenhar para estabelecer e fortalecer os laços. Sem o interesse das partes envolvidas, isso não se mantém.”
Nessas horas, outro exercício relevante é pensar em duas questões-chave. Em primeiro lugar, quais são aqueles que você realmente gosta e quer ter por perto? Segundo, quais são as visões de mundo e posicionamentos políticos inegociáveis para conviver com alguém?
“Nem sempre a família consanguínea é a mais saudável para um sujeito. Ele pode encontrar o apoio e a intimidade em outros grupos”, lembra Peron.
“E há situações em que as diferenças são tão disruptivas que o melhor a ser feito é nem reconstruir certos laços”, acrescenta.
A psicóloga chama a atenção para o fato de as famílias representarem, num plano limitado, as relações sociais de poder típicas do próprio país.
“A família não costuma ser uma ilha isolada do resto da cultura do lugar onde a gente vive”, explica.
“Por isso vemos que muitos desses grupos reproduzem o racismo, o machismo e outras intolerâncias.”
Dunker concorda. “A família pode ser o espaço em que os racismos se reforçam ou são tratados e resolvidos.”
Viva as diferenças
Nos casos em que as discordâncias não são tão dramáticas assim e é possível pensar em curar as feridas abertas, uma saída envolve entender que é normal as pessoas pensarem de forma diferente.
“Esse é um bom momento para a família refletir sobre as diferenças e, se os conflitos não forem fundamentais, abrir espaço para negociações”, sugere Peron.
“O grupo inteiro pode crescer com essa experiência, ao entender que não há necessidade de um pensamento homogêneo em tudo”, acredita.
Pensar em quais relações você realmente quer manter é um dos passos para reatar laços e curar feridas emocionais
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Dunker também aponta que pode ser uma boa separar a política pública da vida privada.
“Muitas vezes, usamos os candidatos como uma maneira de extravasar frustrações e conflitos que vêm desde a infância”, destaca.
“Uma maneira de evitar as brigas agora é reforçar os sentimentos de urbanidade, da educação e do bom trato entre as pessoas, mesmo com aquelas que você discorda”, diz.
Dentro desse contexto, dar tempo ao tempo é outra medida sensata.
“Não adianta ficar forçando uma relação que foi desgastada e nem tudo precisa ser dito no calor da hora”, afirma o professor da USP.
“Pode ser necessário esperar mais um tempinho até que a temperatura esfrie e você consiga estabelecer um diálogo novamente.”
Ainda dentro dessa questão, a forma como vencedores e perdedores vão se comportar durante as próximas semanas pode ser absolutamente decisiva.
“Aprender a ganhar e a perder é uma tarefa básica da educação que nossa sociedade parece ter esquecido”, pontua Dunker.
“Na história brasileira, o lado vitorioso costuma usar o sarcasmo e a humilhação como ferramentas diante do derrotado.”
E isso, por sua vez, gera uma reação de vingança, raiva e rancor entre quem perdeu.
Dunker também lembra que, não raro, o derrotado não aceita os resultados ou não consegue admitir os erros que foram cometidos durante o processo — e isso cria instabilidades e tensões permanentes, que prejudicam os relacionamentos e até o desenvolvimento do país.
“Pode até parecer um clichê, mas só ganha no futuro quem aprende a perder no presente.”
Por fim, Peron lembra que cada família tem uma dinâmica própria e, por mais que as recomendações e dicas ajudem, é preciso analisar caso a caso.
“As eleições podem até fazer com que os familiares evidenciem diferenças e rompam relações”, admite.
“Mas precisamos lembrar que dependemos uns dos outros e tudo fica mais difícil quando estamos completamente sozinhos”, conclui.
– Esse texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63096035

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Eleições 2022: confira como justificar o voto pelo computador ou celular

Neste domingo (2) os brasileiros vão às urnas para escolher novos representantes, incluindo presidente, governadores, senadores e deputados (distritais, estaduais e federais). O voto no Brasil é obrigatório, mas, para quem não conseguiu comparecer às urnas, é possível justificar a ausência tanto pelo computador quanto pelo celular. A votação será realizada em todo o território
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai avaliar pedido de uso emergencial para uma nova versão da vacina bivalente contra a Covid-19 da Pfizer, que promete ser mais eficaz contra a variante Ômicron. A solicitação foi enviada ao órgão na sexta-feira (30). De acordo com a farmacêutica, o novo imunizante foi desenvolvido a partir
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O primeiro turno das eleições 2022 é neste domingo (2). Os eleitores vão escolher o presidente, governador, senador e deputados (federal e estadual). O Olhar Digital preparou um guia completo para você ficar por dentro de tudo o que precisa saber antes de sair de casa para votar. Horário de votação A votação acontece das
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Mega-Sena: confira resultado e como apostar no sorteio de quarta (5), com prêmio de R$ 3 milhões

O sorteio do concurso 2526 da Mega-Sena, com prêmio estimado em R$ 3 milhões, vai ser realizado pelas Loterias Caixa às 20h de quarta-feira (5). Pela internet, será possível assistir pelo canal oficial da Caixa no YouTube e no Facebook. Quem quiser concorrer tem até às 19h do quarta-feira (5) para comprar o bilhete em
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Carta para os meus netos

Um dia especial como hoje é uma boa oportunidade para se falar de valores que devem nos acompanhar durante a vida Queridos Gabriel e Sophie:
Embora a palavra queridos seja modestíssima para descrever meus sentimentos em relação a vocês, tentarei me conter para esta carta não se limitar a excessos amorosos de avó. Hoje é um dia importante e, apesar de ainda não significar muito para os dois, terá lugar de destaque nas aulas de História e em breve ambos estudarão o que está acontecendo. Portanto, trata-se de uma boa oportunidade para compartilhar valores que devem acompanhá-los durante a vida, porque a missão que cabe a cada um de nós é transformar o mundo num lugar melhor: sem preconceitos, sem fanatismo, com oportunidades para todos.
Carta para Sophie e Gabriel: sejam livres para viver a vida em seus próprios termos, mas sempre respeitando os outros
Acervo pessoal
Em primeiro lugar, sejam livres para viver a vida em seus próprios termos, seguindo seus sonhos e paixões, mas sempre respeitando os outros. Somente quem não tem apreço pela liberdade acha que é preciso silenciar quem pensa diferente.
Ponham sua energia e seu coração no que decidirem fazer, porque ter um propósito nos alimenta e permite que sigamos em frente mesmo quando encontramos obstáculos – e haverá um monte deles! Não se sintam obrigados a fazer uma única escolha: hoje em dia vivemos muito e podemos atuar em diferentes atividades e profissões.
Somos parte do meio ambiente e temos o compromisso de preservar a natureza, que é tão generosa com os habitantes do nosso planeta azulzinho.
Por último: vocês não são meus leitores, mas sou uma avó que escreve sobre longevidade. Para quem tem 11 e 5 anos, parece meio ficção científica, mas crianças sortudas viram adolescentes, depois adultos e velhos. Vamos aos “segredinhos” para trilhar esse caminho:
Cuidem da saúde, ela é um bem precioso. A lista de cuidados nem é tão grande assim: brinquem bastante ao ar livre e, quando crescerem, não parem, há diversas atividades físicas divertidas. A comida tem que continuar sendo colorida, com grãos, legumes, frutas. Não fumem. Bebam apenas para brindar em ocasiões felizes. Durmam o tempo necessário para descansar corpo e mente, sem o celular piscando ao lado da cama.
Cerquem-se de pessoas que vocês amam e que os amem de volta: este círculo de amizade e apoio vai ser fundamental nas horas difíceis. Não esqueçam de rir muito!
Alimentem a curiosidade: aprender é bacana em qualquer idade. Depois da escola e da universidade, virão outros cursos que trarão conhecimento, novos amigos e horizontes. Se fosse diferente, não seria um tédio?
Sabe quando seu pai diz que dinheiro não nasce em árvore? Parece bizarro (todo mundo sabe disso!), mas ele quer ensinar uma lição: precisamos aprender a poupar não apenas para comprar algo ou viajar, mas para ter uma reserva para daqui a uns 60 anos…