Câncer: fungos podem crescer dentro de alguns tumores

Dois novos estudos publicados na revista Cell, e um deles também na Nature, apontaram vestígios de fungos crescendo dentro de alguns tipos de tumores cancerígenos, incluindo os causados pelo câncer de mama, cólon, pâncreas e pulmão. Os pesquisadores responsáveis tentam desvendar agora de que forma isso colabora ou não para o desenvolvimento ou progressão da doença. 

A partir da análise de mais de 17 mil amostras de tecido, sangue e plasma de pacientes com câncer, os cientistas encontraram impressões digitais genéticas de fungos em 35 tipos diferentes de câncer. Ravid Straussman, coautor sênior de um dos artigos e biólogo de câncer do Instituto Weizmann de Ciência de Rehovot, em Israel, estimou que os tumores possuem uma célula fúngica para cada 1.000 a 10.000 células cancerígenas, assim, considerando que um pequeno tumor pode ser carregado com cerca de um bilhão de células cancerígenas, os fungos podem “ter um grande efeito na biologia do câncer”. 

Crédito: Shutterstock

“Alguns tumores não tinham fungos, e alguns tinham uma enorme quantidade de fungos”, ressaltou Straussman, em entrevista ao STAT News

Os fungos encontrados eram naturais do próprio corpo do paciente, alguns sendo inofensivos e outros com capacidade de causar doenças, como infecções fúngicas. Também foi observado que elas coexistiam com outras bactérias, além das células cancerígenas. 

Fungos interferem na progressão do câncer?

De acordo com divulgação do site Live Science, ainda não há dados sobre como esses micróbios interagem no tumor e se suas interações ajudam a alimentar a disseminação do câncer. Por outro lado, ambos os grupos de pesquisa encontraram indícios de que o crescimento de certos fungos pode estar ligado a piores resultados do câncer. Os microrganismos fúngicos identificados foram: Candida , Blastomyces e Malassezia. 

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O grupo de Straussman, por exemplo, descobriu que pacientes com câncer de mama continham o fungo Malassezia globosa em seus tumores e apresentavam taxas de sobrevivência piores do que pacientes cujos tumores não tinham o fungo. O segundo grupo, liderado pelo imunologista Iliyan Iliev, da Weill Cornell Medicine, em Nova York, descobriu que pacientes com uma abundância relativamente alta de Candida em seus tumores gastrointestinais também mostravam uma taxa de sobrevivência menor, além de potencial inflamação e disseminação do câncer. 

Apesar da importância da descoberta, que indica movimentações anormais, as equipes não puderam concluir se os fungos realmente geram esses resultados ruins ou se os cânceres agressivos apenas criam um ambiente onde esses fungos podem crescer facilmente. Não foi possível esclarecer também se há interferência do fungo na transformação da célula saudável em cancerígena. Assim, mais estudos serão necessários. 

“Como campo, precisamos avaliar tudo o que sabemos sobre o câncer. Olhe para tudo através das lentes do microbioma – as bactérias, os fungos, os tumores, até os vírus. Existem todas essas criaturas no tumor, e elas devem ter algum efeito”, apontou Straussman, afirmando que essas pesquisas iniciais servirão como trampolim para outros estudos sobre a microbiota e sua associação ao câncer. 

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