Arquivo diário: novembro 6, 2022

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O jovem que se tornou a estrela mais seguida no TikTok sem dizer uma palavra

Desempregado e sem dinheiro, Khaby Lame não escutou os pais e, ao invés de procurar um emprego, começou a gravar vídeos de comédia. Quem é Khaby Lame?
Menos é mais.
Esta é a receita que levou ao sucesso Khabane Lame, mais conhecido como Khaby Lame. Com apenas 21 anos, o senegalês virou a maior estrela do TikTok, com 150 milhões de seguidores.
Lame ganhou fama com seus vídeos, nos quais, sem dizer uma única palavra, zomba dos truques complicados e às vezes loucos que outros influenciadores inventam para resolver problemas cotidianos.
Influencer Khabane Lame mais seguido do TikTok
GETTY IMAGES
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Quando uma porta se fecha
Lame, que mora na Itália desde que seus pais imigraram para o país europeu há duas décadas, começou a gravar vídeos para o TikTok em março de 2020.
Desempregado e sem dinheiro, o jovem teve que voltar para a casa dos pais, mas em vez de procurar um novo emprego como os pais pediam, começou a gravar vídeos.
Apesar de ter apenas um celular modesto e não possuir um tripé para apoiar o aparelho ou lâmpadas para melhorar a iluminação, Lame alcançou a fórmula que o tornou uma celebridade mundial: zombar de gravações virais sobre truques para enfrentar problemas cotidianos – mas que na verdade não funcionam – e responder a esses conteúdos fornecendo soluções simples.
As expressões e gestos com as mãos, considerados engraçados pelos milhões de espectadores, fizeram o resto.
Khaby Lame faz vídeos de comédia no TikTok
Reprodução/TikTok/khaby.lame
Um de seus maiores sucessos foi o vídeo da banana, onde ele mostrou pela primeira vez como outro usuário estava descascando a fruta com uma faca afiada, enquanto ele simplesmente a pegava nas mãos e a descascava. Em seguida, apontou para a fruta com a mão, fazendo um gesto de: “É isso aí”.
Outra gravação que deu a volta ao mundo foi uma em que ele mostrava como uma mulher, que havia deixado as chaves do carro dentro com o filho, tentou alcançá-las com um pedaço de pau pela janela do veículo que estava entreaberta. No entanto, a certa altura, ela deixa cair o graveto e pede ao menino para buscá-lo para ela, o que o menino obedientemente faz.
Lame recriou o vídeo com um menino da mesma idade, mas em vez de tentar alcançar as chaves com o bastão, pediu ao menino que lhe entregasse as chaves e resolveu o problema.
Em poucas semanas ele já tinha milhares de seguidores e hoje é o rei do TikTok, superando figuras conhecidas como o ator americano vencedor do Oscar Will Smith.
Luva de Pedreiro e Khaby Lame
Reprodução/Redes Sociais
Mais que mil palavras
Para Stevie Osagie, especialista em marketing e redes sociais, o fenômeno Lame se deve ao fato de “usar uma linguagem universal: a comédia”.
“O fato de não falar implica que não há barreiras entre eles. Não há uma única razão pela qual você não possa ver seu conteúdo”, disse ele à BBC.
Da mesma forma, Osagie afirmou que o jovem estava na hora e no lugar certo para se tornar a celebridade que é hoje.
“Quando ele começou, todos estavam presos em suas casas (por causa dos confinamentos devido ao coronavírus) e todos precisavam de algo para afastá-los da negatividade e do que estava acontecendo – e foi isso que chamou a atenção para ele”, explicou.
“Meu rosto e minhas expressões fazem as pessoas rirem”, disse ele ao The New York Times há alguns meses.
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Ser sério compensa
Lame não se limitou ao TikTok e também produz conteúdo para outras redes, como o Instagram, onde tem 80 milhões de seguidores, oito vezes mais que Mark Zuckerberg, fundador do Facebook e dono da plataforma.
No entanto, há alguns meses Lame sofreu uma queda acentuada de seguidores nesta última plataforma. A razão? A publicação de um post contra o racismo.
“As pessoas seguem você por algo que você faz e que elas gostam, mas se você se desviar disso, você perde seguidores”, explicou Celia Tokosi, uma influenciadora africana, que vê o caso de Lame como um exemplo.
Seu impacto foi tão grande que em 2021 ele foi convidado para o Festival de Cinema de Veneza, apesar de não ter atuado em nenhum filme. Além disso, o jovem já gravou vídeos com atletas como o espanhol Carlos Sainz Junior e o brasileiro Vinícius Junior.
Em 2021, Lame recebeu o Prêmio da Associação Nacional de Jovens Inovadores de Itália (ANGI) pela sua forma de comunicar e há poucos meses obteve a mais alta distinção no World Influencers And Bloggers Awards.
– Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63531053
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Congresso mostra a desigualdade sexual existente no mundo

No Quênia, a população ainda se vale de curandeiros. Na Dinamarca, o Projeto SEXUS visa a implementar políticas públicas mais eficazes na área da sexualidade Assim como na quinta-feira, quando abordei a síndrome geniturinária da menopausa, continuarei a tratar de questões que vieram à tona no 23º. Congresso da Sociedade Internacional de Medicina Sexual, que acompanhei on-line. No entanto, a coluna de hoje não será sobre uma apresentação específica, e sim sobre como um evento desse porte, com especialistas dos quatro cantos do planeta, deixa muito claro o tamanho da desigualdade que existe também no sexo.
Desigualdade sexual no mundo: no Quênia, a população ainda se vale de curandeiros; na Dinamarca, projeto visa a implementar políticas públicas na área da sexualidade
Sasin Tipchai para Pixabay
Na Dinamarca, por exemplo, o Projeto SEXUS reuniu informações, entre 2017 e 2018, de quase 75 mil dinamarqueses entre 15 e 89 anos. O objetivo é levantar dados sobre suas preferências, experiências e comportamentos para implementar políticas públicas eficazes nas áreas de sexualidade, estilo de vida e saúde – com a preocupação de não deixar de fora idosos, pacientes com doenças crônicas e a comunidade LGBTQIA+. Sobre a importância de ter uma vida sexual de qualidade, 81% responderam que sim, embora o percentual de indivíduos satisfeitos nesse campo seja mais modesto: 55%.
Em contrapartida, o professor Joachim Osur, da Amref International University, no Quênia, compartilhou as dificuldades que a medicina sexual enfrenta no país. “Há um manto de silêncio e de estigma relacionado a questões sexuais, que faz com que as pessoas não procurem os serviços especializados mesmo quando estão disponíveis. Ainda há quem apele para curandeiros”, afirmou, contando que um homem com disfunção erétil só buscou um profissional quando o curandeiro, depois de prescrever ervas para seu pênis (sem sucesso), disse que o problema seria resolvido com lágrimas de leão aplicadas no local…
A palestra do urologista e andrologista Vasan S S, que atua em Bangalore, Índia, causou certo desconforto na plateia. O assunto era a não consumação do casamento, que pode levar à sua anulação, causada principalmente por dois fatores: disfunção erétil masculina ou vaginismo feminino, que se caracteriza por forte dor que impede a penetração, provocada pela contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico. Ao eleger o vaginismo como tópico central da aula, e lembrar que injeções de botox (toxina botulínica) têm sido utilizadas com sucesso no tratamento, foi interpelado por uma das participantes sobre a ênfase em “curar” a mulher para que fique apta para ter relações com o marido, não levando em conta a importância de, em primeiro lugar, ela aprender a ter prazer com seu corpo.
Na sessão sobre traumas sexuais, Sue Goldenstein, especialista em saúde pública, falou sobre a mutilação sexual feminina, uma chaga que afeta 200 milhões de mulheres e se concentra em 30 países africanos e no Oriente Médio. No entanto, quis aprofundar a polêmica ao criticar como outros tipos de intervenção em crianças são realizados sem questionamento, dando como exemplo a circuncisão, que é a remoção do prepúcio dos meninos: “se essa criança depois se identifica com o sexo feminino, aquela intervenção trará mais um desafio para uma cirurgia de redesignação de sexo, porque a pele do prepúcio deveria ser utilizada para revestir a região da vagina”. Estamos apenas arranhando a superfície desse grande oceano.