O valioso papel dos cuidadores acima dos 50 anos

De acordo com pesquisa da Universidade de Michigan, a maioria dessas pessoas está ajudando idosos, quase sempre sem qualquer remuneração Mais da metade (54%) das pessoas acima dos 50 anos afirmam ter desempenhado algum papel de cuidador ou cuidadora nos últimos dois anos, se tornando responsável pelas finanças, saúde ou higiene de um idoso. Além disso, 70% prestaram esses serviços para alguém que não morava na mesma casa, como um parente ou vizinho. Por fim, a função quase nunca envolve pagamento – foi o que mostrou pesquisa realizada pelo Instituto de Políticas de Saúde e Inovação da Universidade de Michigan (EUA).
Jeffrey Kullgren professor de medicina interna da Universidade de Michigan
Divulgação
A maioria garante que foi gratificante poder colaborar, mas 65% avaliaram que se trata de uma atividade mais difícil do que imaginavam, principalmente se o idoso tem limitações físicas ou apresenta um quadro de demência. Entre os principais problemas estão o cansaço físico ou emocional (34%); o desafio de conciliar a ajuda com o trabalho e outras responsabilidades (31%); e falta de tempo para si mesmo (22%).
O estudo também apresentou os aspectos positivos, sendo que 96% dos participantes citaram pelo menos um deles: adquirir consciência sobre as próprias demandas e necessidades no futuro (59%), sentir-se útil e apreciado (52%), ter um propósito (45%), cuidar melhor da própria saúde (37%) e aproximar-se de amigos e parentes (35%). Para Courtney Polenick, pesquisadora e professora de psiquiatria da universidade, “os dados mostram a importância de dar apoio e garantir algum tipo de suporte para essas pessoas”.
Um terço dos entrevistados que desempenhavam papel de cuidador já se dedicava a tais tarefas há mais de cinco anos e 41% auxiliavam mais de um idoso.
No levantamento, 2.163 indivíduos entre 50 e 80 anos responderam, on-line ou por telefone, se haviam assumido atribuições de cuidador para idosos acima de 65 anos. A variedade de encargos ia de fazer compras no supermercado a limpar a casa, passando por dar banho, ir a consultas médicas, supervisionar a administração de medicamentos e até cuidar das finanças. “Em nossa sociedade, não temos um mecanismo formal para reconhecer e recompensar esse trabalho que garante a saúde e o bem-estar de tantos idosos”, analisou Jeffrey Kullgren, professor de medicina interna da instituição.
Nos Estados Unidos, a estimativa é de que 48 milhões estejam envolvidos em algum tipo de cuidado. Para a economista Ana Amelia Camarano, no Brasil o cuidador familiar é quase sempre uma esposa ou uma filha que não recebe nada e corre o risco de enfrentar dificuldades na velhice. “Em 2013, fiz uma estimativa de que há um milhão de mulheres nessa posição. Elas precisam ser remuneradas e devemos inseri-las no sistema de previdência social, ou estarão diante de uma perspectiva de precariedade até o fim da vida”, afirmou.

 

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