Artemis 1: quais os planos da NASA para a conquista da Lua após essa missão?

Finalmente, após mais de dez anos desde que começou a ser desenvolvido (e uma série de adiamentos), o Space Launch System (SLS), da NASA, foi lançado rumo à Lua na madrugada desta quarta-feira (16) – com transmissão ao vivo pelo Olhar Digital.

Lançamento do voo Artemis 1, a missão de estreia do novo programa de exploração lunar da NASA, que aconteceu na madrugada desta quarta-feira (16). Imagem: NASA TV

Formado pelo propulsor de mesmo nome e a cápsula de tripulação Orion, o megacomplexo veicular de 98 m de altura decolou da plataforma LC-39B, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, às 3h47 (pelo horário de Brasília), dando início à tão aguardada missão Artemis 1, o voo inaugural do novo programa de exploração lunar e de espaço profundo da agência espacial norte-americana.

Com duração prevista de aproximadamente 25 dias, esse voo não tripulado tem como principal objetivo testar tecnologias essenciais para todas as outras missões do Programa Artemis, como o foguete e a cápsula em si, além dos sistemas de comunicação e de suporte de vida. 

Estão a bordo da espaçonave três manequins humanoides (dois femininos e um masculino) para verificar os efeitos que a exposição excessiva à radiação pode gerar no organismo humano em uma missão lunar de longa duração.

Três manequins e outros experimentos biológicos voaram para a Lua com a missão Artemis 1, como visto nesta ilustração 3D. Imagem: NASA/Lockheed Martin/DLR

Ao ser descartado após a queima da Injeção Translunar (TLI), o Estágio Interino de Propulsão Criogênica (ICPS) da Orion implantou 13 CubeSats no espaço, cada um com sua própria missão de ciência e tecnologia. Um deles, por exemplo, é o CubeSat para Estudo de Partículas Solares (CuSP), que contém um satélite meteorológico para estudar o vento solar. Outro, de nome NEA Scout, vai examinar um asteroide.

Ao chegar à Lua, o Módulo de Serviço Europeu, projetado e implantado na Orion pela Agência Espacial Europeia (ESA), será usado para realizar uma manobra que utilizará a gravidade lunar para permitir que a espaçonave entre na chamada “órbita retrógrada distante” na Lua. 

“Retrógrada” se refere ao fato de que a cápsula vai girar em torno da Lua no sentido oposto ao que o astro orbita a Terra. E “distante” significa, na prática, que Orion alcançará 64 mil km além do nosso satélite natural, o que representa o ponto mais longe no espaço profundo que uma espaçonave de tripulação já esteve até hoje.

A cápsula Orion vai usar a influência gravitacional da Lua para se impulsionar mais fundo no espaço. Imagem: NASA/Tumblr

Como será o retorno da cápsula Orion à Terra

Depois de cerca de seis dias nessa órbita, a cápsula retornará para o ponto mais próximo da Lua, a 100 km de altitude, de onde é possível observar as características distintas da superfície lunar, incluindo suas crateras de impacto. Então, ela usará esse sobrevoo próximo para usar a força gravitacional da Lua para acelerar de volta à Terra. 

No caminho, ela vai descartar o módulo de serviço, para reentrar na atmosfera a 40.200 km/h. Nesse momento, a cápsula vai experimentar temperaturas de quase 2.800 graus Celsius, estando protegida pelo maior escudo térmico do mundo (com cinco metros de diâmetro).

Centenas de pessoas estiveram presentes no Centro Espacial Kennedy, da NASA, em Cabo Canaveral, na Flórida, para assistir pessoalmente ao lançamento da missão Artemis 1. Imagem: NASA/Bill Ingalls

Após a reentrada segura, serão acionados os paraquedas, para garantir um mergulho preciso no Oceano Pacífico, na costa da Califórnia, representando o teste final da espaçonave.

Durante a missão Artemis 1, a cápsula Orion vai percorrer mais de 2,1 milhões de quilômetros, batendo o recorde de tempo que qualquer veículo projetado para transportar humanos já esteve no espaço sem atracar em uma estação espacial.

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NASA considera a Lua um trampolim para o espaço profundo

Seguindo essa missão, o próximo grande teste da nave Orion será o voo Artemis 2, que representará a primeira vez que a cápsula voará com tripulantes a bordo. Na ocasião, será percorrido o mesmo trajeto do voo não tripulado.

Mais tarde, com a missão Artemis 3, que está prevista para 2025 ou 2026, a cápsula finalmente pousará no polo sul da Lua, levando a primeira mulher e a primeira pessoa preta da história a pisar em solo lunar, mais de meio século depois da última vez que estivemos por lá, por meio das missões Apollo. 

Exatamente pela presença feminina nas próximas missões tripuladas à Lua é que o programa foi batizado, em referência à irmã gêmea de Apolo, Ártemis, deusa grega da caça, da natureza e da castidade, também considerada protetora das mulheres, das crianças e dos partos, que era filha do rei dos deuses, Zeus, com a titã Leto.

O Olhar Digital já abordou as diferenças entre os dois programas (você pode conferir aqui), e a principal delas é que, desta vez, o objetivo é consolidar uma “segunda morada” para a espécie humana, com uma base fixa de exploração do espaço profundo. 

Isso significa estabelecer uma presença humana sustentável na Lua e ao redor dela, desenvolvendo a infraestrutura que nos permitirá avançar ainda mais no Sistema Solar. Se tudo correr como o planejado, essa instalação que se pretende assentar em solo lunar fará da Lua um verdadeiro trampolim para outros ambientes celestes, tendo Marte como primeiro alvo.

Estação espacial lunar

Para estabelecer uma base fixa de exploração do nosso satélite natural, a NASA está liderando esforços junto a empresas e outras agências para construir a Lunar Gateway, uma estação espacial internacional na órbita lunar – o que implica na necessidade de muitos recursos tecnológicos, que requerem, obviamente, investimento financeiro pesado.

Representação artística da futura estação espacial lunar internacional Gateway, com a Lua ao fundo e a cápsula Orion se aproximando para ancoragem. Imagem: NASA/Divulgação

“Queremos explorar toda a superfície da Lua, e a LOP-G [sigla para Lunar Orbital Platform – Gateway] nos permitirá pousar em qualquer lugar”, disse Sean Potter, da assessoria de comunicação da NASA. “É um novo programa pensado para ter um legado mais duradouro, com a promessa de ser a primeira etapa de nossa expansão pelo Sistema Solar”.

Diferentemente da Estação Espacial Internacional (ISS), que acomoda tripulações alternadas por cerca de 180 dias consecutivos cada, a Gateway abrigará membros ocasionais, servindo como um entreposto e plataforma para missões à superfície lunar, Marte e outros destinos no espaço profundo. Ali também será um ponto de encontro para os astronautas viajando a bordo da cápsula Orion antes da transferência para uma órbita lunar baixa e a superfície da Lua.

Uma animação divulgada em agosto pelo Centro Espacial Johnson, da NASA, mostra o que parece ser o passo a passo que detalha a construção da futura estação espacial lunar da agência.

Como visto no vídeo, a construção da estação Gateway começará com um elemento de potência e propulsão, fornecido pela Maxar Technologies, ancorando um posto avançado de habitação e logística da Northrop Grumman. 

Depois disso, a primeira tripulação virá, juntamente com o Módulo Internacional de Habitação (I-Hab), fornecido pela ESA. Esse módulo vai abrigar o Sistema de Suporte de Vida e Controle Ambiental (ECLSS, na sigla em inglês) e contará com ambientes próprios para experimentos científicos internos e externos, além de espaço de trabalho e aposentos para a tripulação. O ECLSS vai complementar os sistemas de suporte de vida fornecidos pela cápsula Orion, permitindo maior tempo de estadia e missões mais “robustas” à superfície lunar.

Em seguida, o vídeo mostra a sequência de missões humanas e outros elementos que vão chegar à estação, incluindo o braço robótico Canadarm3 da Agência Espacial Canadense (CSA), construído pela MDA.

De acordo com um comunicado da ESA, a parceria inclui países europeus (representados pela agência), EUA (NASA), Canadá (CSA) e Japão (JAXA).

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