Sarampo: doença pode voltar com força por conta da baixa vacinação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, por meio de um relatório produzido com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), que a queda na cobertura vacinal contra o sarampo está deixando milhões de crianças suscetíveis à infecção, com a volta iminente da doença.
Conforme divulgado pelo O GLOBO, dados do documento mostram que, em 2021, um recorde de quase 40 milhões de crianças perderam uma dose da vacina contra o sarampo: 25 milhões de crianças não receberam a primeira dose e um adicional de 14,7 milhões perderam a segunda dose — para atingir a chamada “imunidade de rebanho”, que oferece proteção coletiva e possibilita eliminar a doença é necessário atingir uma cobertura vacinal de 95% com duas doses.
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Atualmente, globalmente falando, 81% das crianças receberam a primeira dose de vacina contra o sarampo, e apenas 71% a segunda. O declínio é observado desde a chegada da pandemia da covid-19 e é o maior desde 2008.
Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo. Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
“O paradoxo da pandemia é que, enquanto as vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas em tempo recorde e implantadas na maior campanha de vacinação da história, os programas de imunização de rotina foram seriamente interrompidos e milhões de crianças perderam as vacinas que salvam vidas contra doenças mortais, como o sarampo”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Colocar os programas de imunização de volta nos trilhos é absolutamente crítico. Por trás de cada estatística neste relatório está uma criança em risco de uma doença evitável”.
O sarampo é altamente contagioso e a vacina é a única medida de prevenção. Apenas no ano passado, cerca de 9 milhões de casos e 128 mil mortes pela doença foram confirmadas em todo o mundo. Dos 10 países que a mantinham erradicada desde 2016, todos viveram um surto e restabeleceram a transmissão, sendo o Brasil um deles — perdemos a certificação de “país livre do vírus do sarampo” em 2019.
A entidade também chamou atenção das autoridades de saúde pública, já que em 2021 quase 61 milhões de doses de vacina contra o sarampo foram adiadas ou perdidas por atrasos relacionados à covid-19.
“Os surtos de sarampo ilustram as deficiências dos programas de imunização, mas as autoridades de saúde pública podem usar a resposta ao surto para identificar comunidades em risco, entender as causas da subvacinação e ajudar a fornecer soluções adaptadas localmente para garantir que as vacinas estejam disponíveis para todos”, acrescentou a diretora do CDC, Rochelle P. Walensky.
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