Realme C55: intermediário bonito, mas o 5G ficou de fora | Review

O Realme C55 entra naquele pacote de modelo de celular mais simples e que fica muito próximo de uma quantidade generosa de concorrentes. Todo mercado sabe disso e você precisa de um recurso extra para chamar atenção, sendo que por aqui temos carregador mais veloz, promessa de bateria durando bastante tempo e uma ferramenta que é imitação da Dynamic Island do iPhone 14 Pro.

Funciona assim: uma parte da interface sai do entorno do notch para a câmera frontal e entrega informações em algum momento do uso. É exatamente a mesma ideia do iPhone 14 Pro, mas será que a proposta é próxima da Apple? Este intermediário faz bem o trabalho para além disso tudo que falei?

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Eu passei as últimas semanas utilizando o Realme C55 no meu cotidiano e compartilho a experiência neste review.

Realme continua mandando bem no acabamento

Começando por fora, não tem como não reparar no acabamento pensado pela Realme para seus celulares, principalmente no segmento intermediário. No Realme C55 a traseira tem efeito prismático na hora de refletir a luz solar e desmontar a onda em muitas cores, sendo espalhadas pela área de plástico.

Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Ela é dividida claramente em um local menor que acomoda as câmeras, com este cercadinho sendo praticamente um espelho, enquanto o restante é fosco com a sensação de ter passado um ferro para dar textura em forma de linhas. É realmente bonito e volto a repetir meu mantra recente: só coloque capinha transparente, não tampe toda beleza de reflexos e cores.

Voltando para o aparelho em si, ele tem pegada confortável e conta com laterais retas, já tem película aplicada na tela e um ponto positivo para os anos mais recentes: você consegue plugar um fone de ouvido com fios, sem adaptador ou qualquer gambiarra.

A tela é um painel IPS LCD de 6,72 polegadas com bordas nada magras, exibindo atualização em 90 Hz e com o furo para a lente frontal com 8 megapixels. O brilho é bom até mesmo para ambientes ensolarados. Enquanto o display faz o trabalho proposto, no som eu senti falta de volume e presença de algumas ondas.

Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Claro, estamos com um intermediário dos mais simples, mas ainda assim eu acho que o alto-falante poderia receber atenção maior.

A atualização da tela pode ser configurada de três formas, sendo a primeira com 60 Hz, a segunda levando até o topo de 90 Hz e a terceira é automática. Eu recomendo fortemente esta, já que ela consegue baixar o número para 45 Hz quando não existe movimento na imagem, reduzindo assim o consumo de energia quando ele não é necessário.

Faz bem o básico, mas cadê o 5G?

Passando para a parte interna, o Realme C55 entrega um Helio G88 rodando seus oito núcleos, junto de 8 GB de RAM e 256 GB de memória. Você ainda pode subir este número com um cartão microSD, então fique tranquilo com os muitos grupos do WhatsApp enviando fotos, GIFs e vídeos o tempo todo.

Se no espaço interno o celular é generoso, no desempenho temos o básico para rodar bem o básico do Android e ter algum esforço para algo além disso. Mesmo com atualização de tela bem marcada, não foi raro encontrar algum soluço ou engasgo. Até mesmo quando o aparelho não rodava nada, vez ou outra a animação não era tão fluida como o esperado.

De qualquer forma, não existiu app que não rodasse neste modelo. Tudo funcionou perfeitamente, desde que você entenda que este é um intermediário menos musculoso. Eu testei até mesmo jogos e a experiência foi boa, com nomes conhecidos como Subway Surfers, mas Genshin Impact teve dificuldade para rodar até com os gráficos no mínimo.

Realme C55 (Imagem: reprodução/Olhar Digital)

Por outro lado, um Free Fire da vida vai bem neste modelo. O mesmo vale para Call of Duty e outros jogos competitivos. Se você é deste tipo de usuário, terá vida feliz por aqui.

Se no hardware o usuário será bem atendido, na conexão ele não estará na palavra do momento: 5G. Não existe compatibilidade com este tipo de rede e ela nem será inserida com atualização de software. É uma limitação do modem mesmo e isso pesa bem quando comparamos com a concorrência, com modelos mais baratos já prontos – como é o caso do Galaxy A14 5G.

Agora, olhando para o software, a Realme é consistente dentro de todas as opções de aparelho e a experiência que você tem em um topo de linha é basicamente a mesma de um celular de entrada. Isso é ótimo para quem navega pelas opções e troca de dispositivo dentro da mesma marca.

Mas, a única novidade de peso no Realme C55 é a Dynamic Island, ou Mini Cápsula, como é chamada por aqui. A ideia é exatamente a mesma do iPhone 14 Pro e você tem informações extras saindo do notch da tela, ou teria. A implementação ainda é muito, mas muito restrita e ela está dentro de um menu com cara de teste.

No momento da publicação deste review, a Mini Cápsula tem apenas uma função e é mostrar a porcentagem da recarga e se o carregador é o Supervooc da própria marca. Nada além disso, nenhum app tira proveito, nem mesmo os da própria fabricante. Pior: os dados mostrados lá ficam poucos segundos em exibição, depois somem.

Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Existe a promessa de atualizações com mais recursos, mas eu não acredito que isso aconteça em curto prazo. Este é um celular dos mais simples e toda fabricante foca seus esforços em modelos mais caros, não na base.

Enfim, o que me deixou desanimado é que o Mini Cápsula é literalmente uma cópia de recurso do iPhone 14 Pro, mas sem dar utilidade de fato para o usuário. A porcentagem de recarga ele já vê o tempo todo no ícone de bateria e o nome do carregador original sempre aparece na tela bloqueada. No fim das contas é uma ferramenta que duplica dados já disponíveis, só para dizer que faz igual.

Câmeras bacanas, bem bacanas

Se no software o Realme C55 não é chamativo como é no acabamento e na beleza externa, nas câmeras ele faz muito bem seu trabalho. Por aqui temos apenas uma de 64 megapixels e o sensor secundário serve para medir a profundidade no modo retrato. Com resolução alta, o software faz alguns recortes para entregar aproximação e zoom, mas é tudo digital.

Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Olhando para o resultado de 16 megapixels, já que os 64 são agrupados em pacotes de quatro pontos para aumentar a luz, fiquei surpreso com a qualidade de cores, detalhes e contraste capturados por essa única lente. O alcance dinâmico também foi bom para um intermediário mais simples.

Foto com a câmera principal do Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Foto com a câmera principal do Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

A quantidade de ruído não é elevada e não notei aberrações cromáticas dando as caras, ou color bending exagerado. De dia, quase sempre a foto é muito boa até para guardar com carinho em algum backup, indo muito além do simples compartilhamento em redes sociais – que já comprimem muito a imagem, degradando a qualidade final.

Foto com a câmera principal do Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Foto com a câmera principal do Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Foto com a câmera principal do Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Durante a noite, a qualidade cai no nível esperado para quem não tem lente muito clara e nem software ágil como um topo de linha. A redução de ruído é visível e muito boa, mas a saturação cai um pouco e as cores ficam perdidas.

O modo noturno manual resolve este problema, mas te obriga a segurar o celular firme por até quatro segundos, depois leva mais três segundos em background para ter a foto final. Essa força extra vale cada momento de respiração travada e mãos firmes, pois a qualidade sobe bastante.

Foto com a câmera frontal do Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

As selfies são feitas com 8 megapixels mesmo, sem agrupar pontos em lugar algum e o resultado é muito bom para redes sociais. O alcance dinâmico não ficou exagerado e isso é bom também.

Bateria dá excelente autonomia

O Realme C55 tem 5.000 mAh de bateria e este tanque está de acordo com a concorrência, seja ela em degrau superior ou inferior. Quase todo mundo tem essa quantidade de energia no tanque, o que muda é como usar os elétrons da melhor forma possível.

Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Olhando para o uso cotidiano, eu consegui chegar ao segundo dia de uso com apenas uma carga. O primeiro acabou com mais de 50% restantes e foi o suficiente para trabalhar novamente, antes de chegar de noite em casa para a recarga. Comparando com a mesma fabricante, o Realme 10 tem a mesma quantidade de bateria e conseguiu autonomia inferior – e ele é mais caro.

Na caixa você encontra um carregador SuperVOOC de 33 watts e a recarga é veloz. Em meia hora ele saiu de 0% e chegou aos 50%, mas precisou de 1h10 para bater em 100% mais uma vez. Bom número.

Realme C55: vale a pena?

Neste momento, com o preço de lançamento, não. O Realme C55 é um celular muito bom, com autonomia bacana de bateria e fotos boas em muitas condições, mas não ter 5G e cobrar R$ 2,3 mil faz ele custar mais que o dobro de um concorrente mais simples: o Galaxy A14…que tem 5G.

Realme C55 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Olhando o preço mesmo, é possível pagar menos pelo Galaxy A34 5G, que é superior em tudo ao Realme C55 e eu estou considerando valores de lançamento, pois se a busca for feita agora, o Galaxy A54 5G é encontrado no varejo por cerca de R$ 200 mais barato e ele é ainda mais superior em tudo – literalmente tudo.

O Galaxy A34 tem 5G, proteção contra água e poeira, tela Super AMOLED com brilho quase duas vezes maior, processador com litografia duas vezes menor (e isso diminui muito o consumo de energia), tem promessa de atualização por mais tempo, tem lente ultrawide, Samsung Pay que tem até bilhete de transporte público, filma em 4K e faz macro com lente dedicada. O Realme C55 não tem nada disso e custa mais caro.

Se você pensar em importação, encontra celulares da Xiaomi com preços mais interessantes também. Então que fique claro: o Realme C55 é um bom celular, mas que chegou custando o dobro de seu principal concorrente, enquanto deixa de lado a palavra do momento: 5G – o concorrente não.

Ele tem mais memória que o Galaxy A14 5G e é mais bonito por fora, mas isso não vale colocar o valor duas vezes acima.

Realme C55: ficha técnica

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