Mais de mil naufrágios catalogados na “Costa da Morte”

O litoral norte da Espanha, na Galícia, é conhecido como Costa da Morte. Esse nome é dado a ela, por ser traiçoeira e acidentada, o que acarretou inúmeros naufrágios na região. O que surpreende nessa história é que muito antes dos GPS existirem, um pescador local já havia catalogado destroços de mais de 1000 barcos. 

José Lopez Redonda, mas conhecido como Pepe de Olegário e o responsável por catalogar os mais mil náufragos, nascido em 1941 na cidade de Sardiñeiro é uma figura importante da região, principalmente para os pescadores galegos.

Ele mapeou todas as embarcações em pouco mais de 40 anos e ele fez isso muito antes que pesquisadores pudessem realizar o feito. Em entrevista à BBC, ele aponta que ainda existem muito mais náufragos para serem descobertos. 

Como os náufragos eram descobertos

O pescador Pepe é famoso por ter uma especialidade nas suas caçadas, pescar meros. Esses animais são peixes que podem pesar até 100 quilos e podem viver em locais abaixo dos 200 metros de profundidade, o que os tornam difíceis de serem encontrados e aumentam seu valor.

Por causa do seu tamanho, esses peixes não costumam viver em habitats naturais como no meio de corais e algas. Por isso, para se protegerem, os meros geralmente optam por viver em cascos, âncoras e destroços de naufrágios.

Enquanto muitas embarcações evitam os locais em que havia barcos naufragados, Pepe ia em direção a elas caçar os meros. Isso fez com que o pescador criasse vínculos com outros pescadores da região. Quando uma rede rasgava os capitães dos navios, logo ligavam para ele para avisar sobre o impossível náufrago.

No entanto, mesmo que ganhasse dinheiro com a exploração desses locais para caçada de meros, Pepe sempre reconheceu e respeitou as tragédias que aconteceram no local.

Quando estava pescando, pensava na tragédia desse barco e, quando chegava na costa, perguntava sobre a história por trás e assim fui aprendendo

Pepe de Olegário

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Navios naufragados e o cemitério dos ingleses

Três naufrágios ingleses marcaram para sempre a história da Costa da Morte. Em um período de 10 anos, três embarcações britânicas afundaram na região mais perigosa, conhecida como Ponta do Boi.

Iris de Hull era um navio inglês que se chocou com os Baixo de Aton em 1893. Ele levava 30 tripulantes de Cardiff, no Reino Unido, para as Índias Ocidentais, apenas um deles sobreviveu;Em 1890 foi a vez do HMS Serpent, um navio militar britânico que ia em direção a Serra Leoa, apenas 3 pessoas sobreviveram dos 175 que estavam a bordo;No mesmo local dos outros náufragos em 1893, o SS Trinacria. Ele tinha como destino portos do Mediterrâneo quando saiu de Glasgow, no Reino Unido, no entanto o acidente interrompeu a viagem antes e matou 36 pessoas.

No local em que os navios naufragaram foi construída uma necrópole, conhecida como Cemitério dos Ingleses. Atualmente ela faz parte da Rota Europeia de Cemitérios Singulares.

Desastre ambiental

Entre todas as tragédias que já aconteceram na Costa da Morte, a que ganhou maior cobertura da mídia foi a do navio petroleiro Prestige, em 2002. O acidente contaminou mais de 2 mil quilômetros de costa com as 77 mil toneladas de petróleo que o navio carregava.

Em 2020, a Espanha decidiu construir o complexo hoteleiro Parador Costa da Morte. A decisão de investir em turismo veio como ação econômica para recuperar o litoral em que o acidente aconteceu.

O pescador que descobriu os mais de mil naufrágios, mesmo aposentado atualmente, ainda guarda suas cartografias feitas manualmente. Ele também ainda se lembra dos nomes dos navios, destinos, motivos e anos do acidente e ainda as cargas que eles carregavam.

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