Robôs agrícolas devem compensar custo por mão de obra humana

O maquinário deles se parece mais com brinquedinhos voadores do que ferramentas agrícolas autônomas. Mas pesquisadores do Instituto Wyss, da Universidade Harvard, acreditam que suas RoboBees (abelhas robôs) poderão, com o tempo, realizar tarefas como polinização de plantações e monitoramento ambiental.

Para quem tem pressa:

Avanços da tecnologia somados à escassez de mão de obra estão viabilizando economicamente o uso agrícola de mais robôs;As capacidades crescentes dos robôs estão possibilitando uma abordagem mais pontual e adaptável;Em contrapartida, uma série de fatores fazem com que trabalhadores agrícolas custem mais e sejam mais difíceis de encontrar;Essa transição de mão de obra pode trazer mais sustentabilidade e novos insights sobre cultivo.

Por enquanto, as RoboBees ainda não foram usadas fora do laboratório. E sua comercialização ainda é uma perspectiva distante.

No entanto, avanços da tecnologia somados à escassez de mão de obra estão viabilizando economicamente o uso agrícola de mais robôs.

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A opção mais fácil tem sido usar os robôs em politúneis e estufas, onde não são atingidos por lama ou chuva. Porém, agora eles estão saindo para o campo.

Belinda Clarke, diretora da organização Agri-TechE, que apoia a inovação nas tecnologias agrícolas

Robôs na agricultura

(Imagem: Adobe Stock)

As capacidades crescentes dos robôs estão possibilitando uma abordagem mais pontual, adaptada para cada variedade, que pode minimizar o uso de insumos como água e agrotóxicos.

Por exemplo, a FarmWise, sediada na Califórnia, criou um robô para arrancar ervas daninhas.

Ele usa visão computadorizada e inteligência artificial para distinguir ervas daninhas das plantas cultivadas, reduzindo os custos de mão de obra e permitindo que os produtores usem menos herbicidas.

Até recentemente, o setor agrícola relutava em adotar robôs. Devido aos altos níveis de investimento de capital necessários e ao uso sazonal limitado, era difícil para as máquinas gerarem valor.

“Robôs agrícolas não têm sido um grande investimento até agora”, comentou Adam Anders, sócio e gerente da Anterra Capital, firma de capital de investimentos no setor alimentício e agrícola.

Porém, isso está mudando, segundo ele. Nas economias maduras, as restrições à mão de obra migrante, o envelhecimento dos trabalhadores agrícolas e o desinteresse por trabalho cansativo e sujo fazem com que trabalhadores agrícolas custem mais e sejam mais difíceis de encontrar.

Transição da mão de obra

(Imagem: Institute for Genomic Biology/University of Illinois)

Tecnologias como visão computadorizada e aprendizagem de máquina capacitaram robôs a identificar objetos e reagir apropriadamente a eles.

Graças a isso, algumas máquinas já conseguem arrancar ervas daninhas e colher frutas e vegetais com rapidez, precisão e confiabilidade antes limitada a trabalhadores humanos.

A robótica “soft”, envolvendo copos de borracha ou saquinhos pequenos, pode pegar e colher suavemente hortifrútis mais delicados e de valor alto, como pêssegos e framboesas, sem danificá-los.

Tjarko Leifer, CEO da FarmWise, prevê uma nova onda de automação agrícola alimentada por robôs. Ele disse:

Os computadores já conseguem enxergar e possuem a destreza necessária para realizar algumas das tarefas humanas.

Outras vantagens

(Imagem: The Independent)

É possível que também haja vantagens em termos de sustentabilidade. Isso porque drones e robôs nos campos podem empregar sensores inteligentes e visão computadorizada para colher e transmitir dados e imagens em tempo real sobre tudo.

Entram aqui desde as condições meteorológicas e do solo até os índices de crescimento das plantas.

A aplicação de aprendizagem de máquina a volumes tão grandes de dados também pode gerar novos insights sobre como e onde cultivar variedades.

Ao rastrear como as plantas em diferentes partes de um campo reagem a insumos como água e agrotóxicos, os robôs podem ajudar os produtores a minimizar o uso desses insumos.

Isso eleva a produção agrícola de precisão para outro nível, diz Anders. Conforme o sócio e gerente da Anterra Capital explicou:

Em lugar de aplicar fertilizante ou pesticida à plantação inteira, você pode aplicar menos, e com mais precisão.

Outra vantagem da próxima geração de robôs é que são menores que as máquinas agrícolas tradicionais, como tratores e colheitadeiras.

Queremos que esses bichinhos sejam leves e ágeis. Algo movido por uma bateria recarregável pode ser alimentado por energia solar, abrindo uma nova oportunidade para usar robôs de modo sustentável.

Belinda Clarke, diretora da organização Agri-TechE

Obstáculos

(Imagem: Al Seib/Los Angeles Times)

No entanto, embora estejam ficando economicamente viáveis nos mercados maduros, poucos produtores em países em desenvolvimento podem arcar com o custo de robôs.

Outro obstáculo à adoção ampla dos robôs agrícolas é a regulamentação.

Se estamos falando em coisas que operam de modo inteiramente autônomo em uma fazenda ou no céu, fora de nosso alcance visual, ainda haverá incertezas. Nos EUA, os drones não podem por lei operar fora de nosso alcance visual. Isso mais ou menos inviabiliza sua utilização em grande escala.

Adam Anders, sócio e gerente da Anterra Capital

Contudo, ele acredita que isso provavelmente vai mudar, na medida em que os governos procuram aumentar a segurança alimentar e a sustentabilidade da agricultura.

O executivo também conta com as máquinas autônomas ficarem mais inteligentes e as pessoas se acostumarem com sua presença.

O CEO da FarmWise, Tjarko Leifer, crê que o sucesso da robótica no avanço da agricultura de precisão vai acelerar sua adoção. Para o futuro, ele vislumbra:

Podemos aplicar os nutrientes corretos e a química protetora correta e adaptá-los a cada planta individual. Com isso vamos beneficiar o produtor, o consumidor e o meio ambiente.

Com informações de Financial Times

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