Cometa surpreende astrônomos e deve se tornar o mais brilhante do ano

Uma boa notícia para quem gosta de apreciar os fenômenos celestes: um cometa descoberto recentemente está se aproximando, deve se tornar o mais brilhante do ano e embelezar as noites de setembro. 

O Cometa, chamado de C/2023 P1 Nishimura, foi oficializado esta semana em uma Circular do Minor Planet Center. Ele foi descoberto no último dia 11, pelo astrônomo amador japonês Hideo Nishimura. 

A história da descoberta deste cometa já é algo incrível. Isso porque ele passou despercebido pelos grandes observatórios do mundo inteiro porque vem se aproximando sorrateiramente da Terra da direção do Sol, se escondendo atrás do brilho da nossa estrela. Aí, eis que Hideo percebeu o cometa em suas fotos do céu que ele fez em 11 de agosto. Um detalhe: Hideo Nishimura não faz parte de nenhum programa de busca e registrou pela primeira vez o cometa utilizando somente uma câmera fotográfica comum e uma lente teleobjetiva comum também, fazendo fotos com apenas 15 segundos de exposição.

[ Hideo Nishimura e seu equipamento – Créditos: Hideo Nishimura ]

Suas observações foram tabuladas para descrever a exata posição no céu em que o objeto aparecia em cada foto. Os dados foram enviados, juntamente com seu relato, para o Minor Planet Center, e a partir daí, outros observadores puderam utilizar seus poderosos telescópios para rastrear o objeto e confirmar a descoberta de Hideo. 

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Nas lentes do astrônomo japonês, o cometa aparecia muito fraco, próximo à décima magnitude. Mas atualmente, esse brilho é excepcionalmente alto para cometas recém descobertos, que nos grandes telescópios já são observados mesmo quando estão muito distantes e apresentando um brilho muito mais tênue que este. 

[ Cometa Nishimura registrado a partir de Tucson, Arizona – Créditos: Mike Olason ]

Por isso, a descoberta do Cometa Nishimura surpreendeu os astrônomos e ele tem tudo para se tornar o “cometa do ano”, o que aumenta ainda mais a relevância da descoberta de Hideo. 

O Cometa C/2023 P1 Nishimura é um cometa não-periódico, vindo da Nuvem de Oort, na periferia do Sistema Solar. Em algum momento, num passado muito distante, essa imensa rocha de gelo, poeira e gases congelados, sofreu uma perturbação gravitacional que a lançou em direção ao Sistema Solar Interior. Já no dia 18 de setembro, o cometa deve passar pelo periélio, que é o ponto da sua trajetória de maior aproximação do Sol, chegando a menos de 34 milhões de quilômetros da nossa estrela mãe. Depois disso, o C/2023 P1 deve retornar para os confins do Sistema Solar para nunca mais voltar por aqui.

[ Cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort, de onde os cometas do Sistema Solar se originam – Créditos: NASA ]

Mas ao que tudo indica, este cometa não vai deixar o Sistema Solar interior sem antes fazer uma bela apresentação por aqui. À medida em que o cometa mergulha em direção ao Sol, o calor faz com que os gases congelados em seu interior sublimem, formando uma extensa atmosfera em torno do núcleo e lançando no espaço uma trilha de poeira e gases, que formam as caudas do cometa. 

Tanto a atmosfera, chamada de coma, quanto a cauda de gás, são ionizadas pelos ventos solares, fazendo com que elas brilhem. Já a cauda de poeira, brilha porque reflete a luz do Sol e dependendo de alguns fatores, o conjunto dessa obra pode gerar um dos mais belos fenômenos astronômicos.

[ Estrutura de um cometa típico (C/2020 F3 (NEOWISE)) – Créditos: Michael Jäger / Marcelo Zurita ]

O fato da sua passagem periélica ser muito próxima ao Sol, cruzando até mesmo a órbita de Mercúrio e de que, provavelmente essa será sua primeira visita ao Sistema Solar interior, aumenta ainda mais as expectativas sobre o Cometa Nishimura. Segundo as previsões, durante o periélio, o cometa pode atingir a magnitude 1,8 o que seria facilmente visível a olho nu, mas tem um problema…

Ocorre que o Cometa Nishimura segue muito próximo da direção do Sol. Atualmente, ele está na Constelação de Gêmeos no final da madrugada, mas seu brilho fraco pode ser visto apenas por telescópios. Conforme se aproxima do seu periélio ele deve ser visto cada vez mais tarde e mais baixo no horizonte até desaparecer no brilho do Sol em meados de setembro.

[ Cometa Nishimura fotografado em 15 de agosto, pouco antes de sua confirmação – Créditos: Dan Barlett ]

Por volta do dia 18 de setembro, justamente quando o cometa estiver passando por seu periélio, ele deve se tornar visível no início da noite, na direção do poente. Dependendo do seu brilho, pode ser que ele acabe ofuscado pela luminosidade do crepúsculo, mas se até lá, se tiver desenvolvido uma boa cauda de poeira, o Cometa Nishimura pode proporcionar um belo espetáculo no céu. 

Certamente o Cometa Nishimura não será o “Cometa do Século” e talvez nem seja possível vê-lo a olho nu. Mas não deixa de ser uma grata surpresa que um astrônomo amador descubra o que deve ser o “Cometa do Ano” apenas um mês antes de sua provável apresentação gloriosa. 

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