Japão discute data para lançar água radioativa de Fukushima no oceano

O governo do Japão informou que vai definir nesta terça-feira (22) a data do início da liberação no Oceano Pacífico da água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima. A decisão conta com a aprovação da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), mas é fortemente questionada por diversas entidades e até governos de países vizinhos.

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Caso Fukushima: o plano japonês

A ideia é descartar a água de Fukushima no Pacífico de forma gradual – no máximo 500 mil litros por dia – por meio de uma tubulação subaquática de um quilômetro.“Gostaríamos de realizar uma reunião dos ministros para tomar uma decisão sobre o início da liberação de água depois de confirmar o status dos esforços para garantir a segurança e lidar com danos à reputação”, disse Yasutoshi Nishimura, ministro da Economia, Comércio e Indústria, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (21).Após essa definição, o processo deve levar de um a dois dias para ser iniciado, segundo informações da Tech Xplore.Anteriormente, o governo do Japão havia informado que pretendia começar a liberação da água no mês de agosto.

O descarte da água radioativa é seguro?

As autoridades japonesas garantem que o processo é seguro, uma vez que a água, suficiente para encher 500 piscinas olímpicas e usada para resfriar as barras de combustível da usina de Fukushima, destruída após ser atingida por uma tsunami e um terremoto em 2011, foi totalmente tratada.O governo do Japão ainda afirma que a água foi filtrada para remover a maioria dos elementos radioativos, exceto o trítio, um isótopo de hidrogênio que é difícil de separar da água.Mas organizações de defesa do meio ambiente contestam a segurança do plano japonês.O Greenpeace, por exemplo, diz que o processo de filtragem é falho e que uma quantidade “imensa” de material radioativo será dispersada no mar nas próximas décadas.

Reações da China

O plano do Japão também desagrada o governo da China.Pequim acusou Tóquio de tratar o oceano como um “esgoto”.Além disso, impôs controles de radiação e proibiu importações de dez províncias japonesas.Os chineses representam o maior comprador de frutos do mar do Japão e essas restrições já provocaram uma queda de 30% nas vendas japonesas para a China.Hong Kong também manifestou contrariedade ao plano de despejo da água radioativa no oceano ameaçou o Japão com restrições.

Comerciantes japoneses estão preocupados

A indústria pesqueira do Japão está temerosa e acredita que o comércio dos produtos provenientes do mar japonês possa ser ainda mais afetado nos próximos dias.“Nada sobre a liberação de água é benéfico para nós”, disse à AFP o pescador Haruo Ono, de 71 anos.Em resposta, o primeiro-ministro Fumio Kishida prometeu um fundo de US$ 200 milhões, quase R$ 1 bilhão, para compensar os pescadores locais por danos à reputação.Ele disse que o governo “fez todos os preparativos possíveis para garantir a segurança, evitar danos reputacionais e ajudar a manter o sustento das pessoas à tona, e temos oferecido explicações para esse fim”.Apesar de toda a polêmica envolvida, a liberação da água de Fukushima no Pacífico não é o maior desafio das autoridades japonesas.A tarefa mais perigosa continua sendo a remoção de detritos radioativos e combustível nuclear altamente perigoso dos três reatores que entraram em colapso após a tragédia.

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