Telescópio Euclid enfrenta problemas ao começar a estudar o Universo escuro

Lançado em 1º de julho, a bordo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, o Telescópio Espacial Euclid, da Agência Espacial Europeia (ESA), está apenas no início de sua importante missão de estudar o Universo escuro – mas, já vem enfrentando problemas.

Depois de passar cerca de um mês percorrendo uma distância de 1,6 milhão de km da Terra, na direção oposta ao Sol, para chegar ao seu ponto de destino, o observatório começou a fase de comissionamento (planejada para durar em torno de sete meses). 

Este é um período em que os instrumentos e subsistemas de uma espaçonave são implantados, ligados, testados e calibrados – Euclid, inclusive, já enviou imagens de teste para o controle da missão em solo, conforme noticiado pelo Olhar Digital.

Anomalia impede Telescópio Euclid de rastrear estrelas fracas

Ao analisar essas imagens, os cientistas detectaram que o equipamento sofreu uma anomalia em um dispositivo chamado Sensor de Orientação Fina (FGS). 

De acordo com um comunicado da ESA, trata-se de uma tecnologia inovadora composta por sensores ópticos que selecionam e capturam estrelas encontradas pela missão Gaia, usando-as como guias para navegar e determinar exatamente para onde Euclid precisa apontar no céu. Essas informações são alimentadas no “Sistema de Controle de Atitude e Órbita”, que controla a orientação e o movimento orbital do observatório.

As our #DarkUniverse detective was getting ready to start its investigation, several things started happening as if to prevent #ESAEuclid from uncovering the secrets it is after…

A guide stars error had Euclid confused
Unwanted sunlight getting in the way
https://t.co/OLClZGE6zA

— ESA’s Euclid mission (@ESA_Euclid) September 26, 2023

A equipe percebeu que o FGS não conseguiu rastrear estrelas fracas – uma falha previsível. Em órbita, o telescópio detecta o verdadeiro céu em condições espaciais reais, algo que é muito difícil de simular antes do lançamento. Além disso, os raios cósmicos solares e galácticos poluem as observações, tornando desafiador o trabalho do FGS.

Por causa desse problema, o controle da missão decidiu estender a fase de comissionamento de Euclid para fazer uma atualização de software que resolva a anomalia do sistema – e parece ter dado tudo certo.

“Estou aliviado em dizer que os testes iniciais estão parecendo bons. Estamos encontrando muito mais estrelas em todos os nossos testes e, embora seja muito cedo para comemorar e mais observações sejam necessárias, os sinais são muito encorajadores”, disse Micha Schmidt, gerente de operações da missão Euclid.

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Mas, não é só isso…

Euclid está posicionado na região conhecida como “Segundo Ponto de Lagrange”, também chamado de Lagrange 2 (ou, simplesmente, L2) – sendo “vizinho” do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA.

Neste ponto, o Sol permanece “atrás” do telescópio, que fica na sombra da Terra, de modo que todas as partes sensíveis de Euclid são protegidas da luz solar por um escudo protetor dedicado. No entanto, sabia-se que um suporte propulsor poderia ficar fora da cobertura do escudo, recebendo luz solar direta – o que, de fato, acontece.

Como consequência, parte de um dos propulsores de Euclid reflete uma pequena quantidade de luz, que parece ter atravessado o escudo. O instrumento de luz visível (VIS) de Euclid é sensível o suficiente para ser afetado por essa luz refletida quando está voltado para certos ângulos. Ao todo, a luz vazada aparece em cerca de 10% das imagens do VIS.

Luz dispersa detectada no instrumento VIS de Euclid em uma pequena proporção de imagens. À medida que o ângulo é alterado, a visão fica mais escura conforme o escape de luz é reduzido. Crédito: ESA

Segundo a ESA, equipes de ciência, engenharia e indústria passaram semanas decifrando quais ângulos deixavam entrar muita luz indesejada. Então, eles redesenharam e otimizaram a pesquisa para restringir a orientação de cada ponto no céu.

Embora esse defeito não interfira na capacidade de Euclid de capturar as imagens precisas necessárias, pode afetar a eficiência da pesquisa – algo que ainda está sob investigação.

Ao longo de seis anos, o observatório irá mapear o lado sombrio do Universo, analisando bilhões de galáxias que residem a cerca de 10 bilhões de anos-luz de distância, para, principalmente, tentar compreender dois grandes mistérios que compõem juntos 95% do cosmos: a energia escura e a matéria escura.

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