Átomos de ferro se movimentam no núcleo interno sólido da Terra

Cientistas da Universidade do Texas em Austin, nos EUA, em parceria com pesquisadores na China, conduziram um estudo inovador sobre o comportamento surpreendente dos átomos de ferro no núcleo interno da Terra. 

Um artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences descreve a pesquisa, cujo resultado desafia as concepções anteriores sobre a rigidez do núcleo interno e tem implicações significativas para a compreensão do planeta como um todo.

Em resumo:

Pesquisadores dos EUA e da China criaram um modelo computacional do núcleo interno da Terra;Para isso, foi aplicado um algoritmo de Inteligência Artificial;Descobriu-se que, embora a camada mais profunda da Terra seja sólida, há movimentos coletivos de átomos de ferro nela;Essas manobras não movimentam o núcleo;Tal mobilidade atômica explica por que medições sísmicas do núcleo interno revelam um ambiente mais maleável do que o esperado em pressões extremas.

A equipe observou que átomos de ferro na camada mais profunda da Terra são capazes de realizar manobras rápidas e coordenadas, denominadas “movimentos coletivos”. Segundo os cientistas, esses deslocamentos ocorrem em frações de segundo, enquanto a estrutura metálica subjacente do ferro permanece intacta, de forma semelhante à troca de lugares de convidados em uma mesa de jantar.

Cientistas recriam núcleo interno da Terra em laboratório

Para investigar esses fenômenos, os pesquisadores recriaram o núcleo interno em escala reduzida em laboratório. Eles golpearam uma pequena placa de ferro com um projétil em alta velocidade, coletando dados de temperatura, pressão e velocidade. Essas informações alimentaram um modelo computacional de aprendizado de máquina, permitindo simular a dinâmica dos átomos no coração metálico da Terra.

Diferentemente de modelos anteriores que consideravam apenas um pequeno número de átomos, a equipe usou algoritmos de Inteligência Artificial para criar uma “supercélula” contendo cerca de 30 mil átomos. Isso proporcionou uma visão mais precisa das propriedades do ferro e permitiu a observação de grupos de átomos se movimentando enquanto mantinham a estrutura hexagonal original.

Essa mobilidade atômica explica por que medições sísmicas do núcleo interno revelam um ambiente mais maleável do que o esperado em pressões extremas. 

“Os sismólogos descobriram que o centro da Terra, chamado de núcleo interno, é surpreendentemente macio, como a manteiga em sua cozinha”, disse Youjun Zhang, professor da Universidade de Sichuan, na China, e coautor do estudo, em um comunicado. “A mobilidade aumentada dos átomos torna o núcleo interno menos rígido e mais suscetível a forças de cisalhamento”.

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Essas descobertas podem explicar muitas propriedades intrigantes do núcleo interno e fornecer pistas valiosas sobre o geodínamo da Terra, o processo misterioso que gera o campo magnético do planeta. 

Cerca metade da energia desse geodínamo é atribuída às profundezas do globo, e essa nova compreensão da atividade atômica no núcleo interno pode impulsionar pesquisas futuras sobre como essa energia é gerada e como interage com o núcleo externo para criar o campo magnético vital para a habitabilidade do planeta.

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