Como um homem roubou centenas de iPhones (e as economias de seus donos)

Entre 2021 e 2022, um grupo de pessoas andou roubando iPhones de centenas de pessoas em Minnesota (EUA) da seguinte forma: eles se espreitavam à noite em bares e ao redor deles e observavam suas vítimas digitando suas senhas em seus aparelhos.

Uma vez memorizado o código, eles levavam o dispositivo e saqueavam as contas das vítimas. Em seguida, vendiam os aparelhos.

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Um desses bandidos é Aaron Johnson, 26 anos, que cumpre prisão na Instalação Correcional de Minnesota e que concedeu entrevista ao The Wall Street Journal para explicar como se aproveitou de brechas de segurança da Apple para cometer seus crimes.

“Já estou cumprindo pena. Simplesmente sinto que deveria tentar estar do outro lado das coisas e tentar ajudar as pessoas”, disse Johnson ao periódico. Na semana passada, a Apple anunciou a Proteção de Dispositivos Roubados, recurso que deve proteger os iPhones contra esse tipo de crime.

Mesmo instalando a atualização do iOS, a 17.3, que terá o recurso, poderemos ter lacunas. Uma delas, somos nós mesmos. Ler o que Johnson tem a dizer pode ser vital para aprendermos a manter nossos dispositivos mais bem-cuidados.

Como tudo começou

Johnson não é um cibercriminoso sofisticado; começou furtando carteiras em Mineápolis;“Eu era sem-teto. Comecei a ter filhos e precisava de dinheiro. Realmente não consegui encontrar um emprego. Então, foi exatamente isso que fiz”, disse;Com o passar do tempo, ele percebeu que os smartphones roubados valeriam muito mais caso conseguisse acessá-los;Johnson contou que ele aprendeu sozinho a como usar a senha do aparelho para desbloquear vários serviços protegidos;O mandado de prisão do Departamento de Polícia de Mineápolis indica que Johnson e outros 11 membros do grupo supostamente acumularam quase US$ 300 mil (R$ 1,4 milhões), mas Johnson afirma que foi mais.

“Eu tinha pressa por grandes quantias de uma vez. Simplesmente me empolguei demais”, continuou o condenado. Ele se declarou culpado de extorsão e foi condenado a 94 meses de prisão. Ele já tinha condenações por roubo e furto.

Como foi feito

Segundo declarações de Johnson, autoridades policiais e algumas das vítimas ao WSJ, o modus operandi da gangue era o seguinte:

Os bares eram os lugares ideais, pois são mal iluminados e cheios de gente. Homens em idade universitária, os alvos ideais. “Eles já estão bêbados e não sabem o que está acontecendo de verdade”, informou Johnson. Segundo ele, as mulheres são mais cautelosas e alertas a comportamentos suspeitos.

Para obter a senha, Johnson era amigável e enérgico, segundo as vítimas. Outros afirmaram ter sido abordados com drogas. Ainda, para outros, Johnson afirmava ser um rapper e queria adicioná-lo ao Snapchat.

Após poucos instantes de conversa, as vítimas entregavam seus celulares ao criminoso, pensando que ele só ia inserir suas informações pessoais e devolvê-los.

“Eu dizia: ‘Ei, seu telefone está bloqueado. Qual é a senha?’. Eles diziam, ‘2-3-4-5-6’, ou algo assim. E então eu simplesmente me lembrava disso”, descreveu. Johnson ainda alegou que gravava as pessoas digitando as senhas, por vezes. Uma vez que o smartphone estava no poder dele, ou ele o levava embora, ou passava para alguém.

Logo que estava com o aparelho, Johnson ia ao menu Configurações e mudava a senha do Apple ID da vítima. Depois, ele desliga o Find My iPhone, de modo que as vítimas não pudessem encontrar ou apagar seus aparelhos.

A seguir, Johnson registrava seu rosto no Face ID porque “quando você coloca seu rosto lá, você tem a chave de tudo”. Logo, ele detinha as senhas salvas no iCloud.

Apps de poupança, cheques, criptomoedas e afins. Era o que Johnson procurava. Se ele não encontrasse como acessá-los, ele procurava informações do seguro social da vítima em aplicativos, como Notas e Fotos.

Pela manhã, ele teria o dinheiro transferido e ia às lojas comprar coisas com o Apple Pay. Ele ainda usava os iPhones para comprar mais dispositivos Apple, sendo geralmente iPads Pro de US$ 1,2 mil (R$ 5,89 mil) para vender.

Por fim, ele apagaria o iPhone o venderia para Zhongshuang “Brandon” Su, que os vendia no exterior.

Johnson chegou a ir atrás de Androids, mas seu foco eram iPhones por seu alto valor de revenda. Ele sempre ficava de olho em modelos Pro, que se caracterizam pelas três câmeras.

Ele afirmou que um Pro Max com 1 TB de espaço interno lhe rendia até US$ 900 (R$ 4,4 mil). Su também comprou os iPads comprados por Johnson e se declarou culpado de receptação, sendo condenado a 120 dias de prisão.

Segundo o condenado, em bom fim de semana, ele chegava a lucrar cerca de US$ 20 mil (R$ 98,3 mil).

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