Saúde libera R$ 100 milhões para estudo clínico com células CAR-T

À medida que 2024 se aproxima, uma nova fase de estudo clínico promete revolucionar o tratamento de leucemia e linfoma com o uso de células CAR-T.

O Hemocentro de Ribeirão Preto, instituição associada ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC-FMRP) da USP, lidera este projeto inovador em parceria com a Fundação Butantan.

Um investimento de R$ 100 milhões do Ministério da Saúde, através do Novo Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC-Saúde), impulsiona o projeto.

Além disso, o estudo recebe um financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Investimento

Segundo o médico, esses recursos se aplicarão principalmente na manufatura dos produtos celulares, que envolve a compra de insumos e de reagentes, e financiarão os gastos hospitalares decorrentes do tratamento.

Nessa fase, avaliaremos a segurança e a eficácia do novo produto, para, ao final, solicitar a sua aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depois do que, o produto poderá ser oferecido aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Hematologista e diretor médico do Laboratório de Terapia Celular do Hemocentro do HC-FMRP, Gil De Santis, em entrevista ao Jornal da USP.

Rodrigo do Tocantins Calado, diretor científico do Hemocentro de Ribeirão Preto e pró-reitor de Pesquisa da USP, afirma que o estudo impacta diretamente a vida das pessoas, especialmente no tratamento oferecido a pacientes com câncer.

Essa transição inovadora é viabilizada pela colaboração entre diversas instituições. Aqui, podemos aproveitar a vasta expertise da USP, reunindo pesquisadores e médicos de variadas áreas, desde biologia molecular e imunologia até a prática clínica. Essa união se complementa com o conhecimento especializado do Instituto Butantan, permitindo que a ideia saia do laboratório e se transforme em uma nova tecnologia, pronta para beneficiar a sociedade.

Rodrigo do Tocantins Calado, diretor científico do Hemocentro de Ribeirão Preto e pró-reitor de Pesquisa da USP, em entrevista ao Jornal da USP.

Estudo

O estudo incluirá 81 pacientes com leucemia linfoide aguda de células B e linfoma não Hodgkin de células B, que não responderam ao tratamento convencional inicial.

Esta fase do estudo é direcionada para casos que não responderam ou apresentaram o retorno da doença após a primeira linha de tratamento convencional, com o uso da quimioterapia, e o transplante de medula óssea.

Hematologista e diretor médico do Laboratório de Terapia Celular do Hemocentro do HC-FMRP, Gil De Santis.

Para isso, serão selecionados pacientes que atenderem às informações do hematologista.

O médico que atende o paciente interessado em participar do estudo deve entrar em contato pelo e-mail: [email protected], anexando o relatório de saúde do candidato.

A equipe médica das instituições participantes avaliará as informações e, caso o paciente se enquadre no estudo clínico, avisará o médico responsável pelo paciente.

Bolsa com célular CAR-T. (Imagem: Homocentro do HC-FMRP)

CAR-T

CAR-T vem da união de dois conceitos:

CAR é a sigla em inglês para receptor quimérico de antígeno (chimeric antigen receptor) T vem de linfócitos T, células do organismo responsáveis por sua defesa.

Na terapia celular, o linfócito T é modificado com receptores CAR, tornando-se mais eficaz no combate ao câncer, transformando-se em uma célula CAR-T.

O CAR-T desenvolvido no Hemocentro é “treinado” para atingir um alvo específico que se chama CD19, presente somente na leucemia linfoide no linfoma.Por isso, esta imunoterapia não possui efetividade em outros tipos de cânceres sólidos. Considerado um dos tratamentos mais revolucionários da medicina, tem altíssima complexidade e é personalizado, por usar as células de defesa do próprio paciente para combater a doença.

Pioneirismo

A terapia com células CAR-T surgiu no início de 2010 nos Estados Unidos e começou a ser aplicada experimentalmente em pacientes de câncer terminal.

Por outro lado, no Brasil, a terapia foi desenvolvida pioneiramente no Centro de Terapia Celular (CTC) da USP, sediado no Hemocentro de Ribeirão Preto.

Por fim, em 2019, o tratamento experimental resultou na remissão total do linfoma terminal para o primeiro voluntário brasileiro, com outros pacientes alcançando remissão.

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