Quatro quilômetros as separam, mas com fuso horário de 21h: conheça as Ilhas Diomedes

Duas ilhas de nome similar, que estão separadas por quatro quilômetros de mar, mas com diferença de horário de 21 horas. Essas são as Ilhas Diomedes, que se situam entre Rússia e EUA, mais especificamente entre Sibéria (Rússia) e Alasca (EUA), no Estreito de Bering.

Apesar de pertencerem ao mesmo arquipélago, a Pequena Diomedes e a Grande Diomedes são politicamente separadas. A primeira pertence aos EUA, enquanto a segunda é de propriedade russa.

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As ilhas foram compradas pelos dois países rivais em 1867 e, desde então, sofrem com a divisão política. Isso porque, apesar da pequena distância que as separam, a divisão de ambas faz com que cada uma tenha um fuso horário diferente – fazendo com que elas estejam a 21 horas de diferença.

Enquanto Grande Diomedes opera em GMT+14 (14 horas a mais em relação ao Meridiano de Greenwich), Pequena Diomedes está a GMT-9. Ou seja, enquanto é domingo, 15h em Pequena Diomedes, já é segunda, 12h em Grande Diomedes. Entenda melhor na imagem abaixo:

Ilhas Diomedes

Ilhas Diomedes em imagem de satélite (Imagem: Reprodução)

Conforme o NiTravel, viajar entre as ilhas via mar, ou seja, percorrer os quatro quilômetros via mar é ilegal;Isso significa que você precisa contornar o mundo para visitar as duas, levando 21 horas. Mas, de barco, os quatro quilômetros são facilmente percorríveis em dez minutos;Porém, durante o inverno, o mar congela e Pequena Diomedes e Grande Diomedes ficam ligadas por uma espécie de “pista de gelo”;Grande Diomedes também é conhecida por Ilha de Ratmanov, enquanto Pequena Diomedes leva o nome de Little Diomede em inglês, Ignaluk (em inupiaq) e Ilha Krusenstern;Elas possuem, ainda, dois apelidos distintos: por conta de seus respectivos fusos horários, a Grande Diomedes é chamada de Ilha de Amanhã, enquanto a Pequena Diomedes leva o apelido de Ilha de Ontem;O arquipélago já até virou tema de romance de Humberto Eco: “A Ilha do Dia Anterior”.

O Observador ressalta que, há anos, discute-se a construção de uma ligação para ligar as ilhas, tornando a travessia direta entre elas politicamente legal. Essa ligação seria feita entre o continente americano e a Sibéria, passando pelo Estreito de Bering.

Já foi sugerido um túnel (como o Eurotúnel), mas a ideia mais aceita é a de uma ponte, de nome Ponte Intercontinental da Paz. Isso porque, na Guerra Fria, o arquipélago se tornou a “Cortina de Gelo” entre ambos.

O termo se refere tanto ao clima da região, que pode chegar aos −40ºC, bem como à fronteira física que dividia o capitalismo estadunidense do comunismo soviético.

Mapa que mostra a ponte proposta para ligar os continentes (Imagem: Divulgação)

História das Ilhas Diomedes

As Ilhas Diomedes foram descritas pela primeira vez em 1648 por (curiosamente) um explorador russo: Semyon Dzhnev. Mas foi apenas em 1728 que um estrangeiro pisou pela primeira vez na região: e esse foi o navegador dinamarquês Vitus Bering (que dá nome ao estreito que liga as duas faixas de terra).

O nome – Diomedes – foi escolhido, pois a data de chegada nas ilhas foi 16 de agosto, dia no qual a igreja ortodoxa russa comemora o dia de São Diomedes.

A compra de Pequena Diomedes pelos EUA foi acertada junto ao Império Russo em 1867. As nações aproveitaram o ensejo para demarcar os dois territórios a partir das ilhas.

Infraestrutura das ilhas

Atualmente, apenas Pequena Diomedes é habitada atualmente. Isso porque, durante a Guerra Fria, a então União Soviética expulsou os esquimós que viviam em Grande Diomedes, receosos que fossem espiões. Contudo, eles teriam sido realocados para o continente.

Até hoje, portanto, não há nenhum povo habitando a ilha, havendo apenas uma base militar russa, construída na época da Guerra Fria, logo após a saída dos esquimós.

Em Pequena Diomedes, a situação é outra. São 118 habitantes da comunidade Inupiaq que lá vivem, em território de cerca de 7,4 km² com em torno de 40 casas, mas que sobrevivem da pesca e caça de focas, ursos e raposas. Eles já ocupam a região há três mil anos e 35% vive abaixo do limiar da pobreza.

Lá, existe ainda uma escola para 40 alunos, que ensina do Jardim de Infância ao Ensino Médio. Em contraste, não há estruturas adequadas para cuidados médicos, como clínicas e hospitais.

Para serem atendidos, os moradores dependem de transporte aéreo até o continente americano – isso quando o clima permite voos.

Cerca de 118 habitantes vivem em Pequena Diomedes (Imagem: divulgação)

Recordes

Além de tema de romance, as Ilhas Diomedes também já foram usadas para quebra de recorde. Em 1987, a nadadora de longa distância e escritora estadunidense Lynne Cox tentou unir EUA e União Soviética. Para isso, ela realizou, a nado, a travessia do canal que separa as ilhas.

Cox levou mais de duas horas para chegar à Grande Diomedes e foi saudada pelos líderes dos dois países à época, Ronald Reegan e Mikhail Gorbachov. Mesmo assim, a tentativa foi frustrada, mas precedeu a queda do Muro de Berlim, em 1989, o fim da União Soviética e da Guerra Fria.

Visitando as ilhas

Se você quer se aventurar nas ilhas, prepare-se. Justamente por conta das baixíssimas temperaturas, a visitação é bastante complicada e. Para visitá-las, é preciso pegar um avião até o aeroporto de Nome, no Alasca (EUA) e, então, embarcar em um helicóptero que faça o percurso.

Um exemplo são os veículos da Bering Air, que viaja entre Nome e Pequena Diomedes, mas apenas no inverno, pois é quando o mar congelado permite a construção de uma pista de aterrissagem, provisória.

Uma vez na ilha, um lugar onde é possível se hospedar é na escola de Pequena Diomedes, que oferece quartos para os turistas.

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