Por que países voltaram a disputar uma corrida pela Lua?

Os últimos anos deixaram claro: a Lua voltou a ser o foco da exploração espacial. Desde Apollo 11, em 1969, nunca tivemos tantas notícias sobre o tema.

Acompanhamos, por exemplo, a disputa dos bilionários Jeff Bezos e Elon Musk, com as suas Blue Origin e SpaceX.

Leia mais

Objetos como Oumuamua podem ter trazido vida para TerraTelescópio James Webb (ainda) não encontrou vida extraterrestreA busca por vida fora da Terra pode passar pelas exoluas — o problema é que nunca encontramos uma

Entre os países, o Japão (através da sua agência espacial JAXA) se tornou recentemente a quinta nação na história a completar com sucesso um pouso suave na superfície do satélite. Antes, apenas Estados Unidos, Rússia (ainda como União Soviética), China e Índia já haviam alcançado tal feito.

Animação da transmissão oficial da JAXA mostra módulo SLIM pousando na Lua. Crédito: JAXA

EUA e China, aliás, protagonizam uma rivalidade à parte, numa espécie de Guerra Fria 2.0 sobre quem vai chegar e se estabelecer primeiro por lá.

A Nasa (agência espacial americana) confirmou que planeja enviar astronautas para voar ao redor da Lua no próximo ano, com pouso previsto para 2026. O cronograma era mais otimista, mas teve seu adiamento anunciado nesta semana por questões técnicas.

Já a China, que pousou na Lua em 2013 e que possui atualmente uma tripulação de três pessoas na sua estação espacial em órbita, quer colocar taikonautas na Lua antes do final da década.

Outras potências

Essa corrida não se resume apenas a americanos e chineses. Ainda na Ásia, a Índia também quer levar seus astronautas à Lua e ampliar as pesquisas sobre o satélite.

O país, aliás, se tornou recentemente o primeiro a pousar uma nave espacial perto do polo sul da Lua, onde os cientistas acreditam que crateras perpetuamente escurecidas podem conter água congelada. Se confirmada essa hipótese, isso poderia ajudar futuras missões.

LVM3 decolou com sucesso com a missão Chandrayaan-3 (Imagem: ISRO)

Já os russos, os primeiros a chegarem no espaço, têm colecionado derrotas em suas últimas tentativas de retorno. No ano passado, o Luna-25 falhou na sua tentativa de pousar na mesma área da Lua que a Índia alcançou. Agora, os russos querem construir uma base lunar.

Ainda na Europa, França e Itália têm planos conjuntos para uma estação espacial no satélite.

Essas notícias vão se tornar cada vez mais comuns nos próximos anos. A Agência Espacial Europeia estima a realização de mais de 100 missões lunares, tanto de empresas privadas como de governos, até 2030.

Por que a Lua e por que a pressa?

Essa foi a dúvida levantada pelo canal americano CNBC, que entrevistou diversos especialistas na área.

Para Michelle Hanlon, diretora-executiva do Centro de Direito Aéreo e Espacial da Universidade do Mississippi, trata-se de uma questão de vantagens estratégicas pensando no médio e no longo prazo:

“A humanidade precisa chegar à Lua para aprender como viver no espaço, para aprender como utilizar os recursos do espaço. E esse é realmente o trampolim para todas as vastas riquezas do universo.”

Entre essas riquezas estaria o isótopo hélio-3, considerado por alguns cientistas um dos principais “combustíveis do futuro”. Raro na Terra, ele é abundante na Lua e pode, teoricamente, ser utilizado para alimentar reatores de fusão nuclear.

“Ainda não descobrimos como fazer isso. Há muitas teorias sobre isso. Mas, assim que descobrirmos isso, o hélio-3 na Lua poderá fornecer energia à Terra, a toda a Terra, durante séculos”, disse Michelle Hanlon.

Outro especialista ouvido, Dean Cheng, conselheiro sênior do programa da China no Instituto da Paz dos Estados Unidos, avalia que ponto central é o da geopolítica:

“Quem consegue estabelecer uma presença lunar significativa está fazendo uma declaração sobre o seu sistema político, sobre o seu sistema econômico, sobre quem está à frente na competição geopolítica. E uma segunda parte, mais recente, é a crença de que existem recursos significativos na Lua que são úteis para a Terra ou para futuros voos espaciais.”

A Lua, por exemplo, pode se tornar uma importante estação de reabastecimento de foguetes para missões mais longas no futuro. Quem chegar primeiro deve ter certo controle sobre o território inexplorado.

Água na Lua?

O satélite Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da NASA, é capaz de medir quanto hidrogênio está preso no solo lunar. Ao combinar anos de dados da espaçonave, os cientistas veem evidências crescentes de áreas ricas em hidrogênio perto do polo sul da Lua, sugerindo fortemente a presença de água congelada, mesmo em regiões que nunca recebem a luz do Sol. Crédito: NASA

Por fim, outro ponto listado pelos especialistas é a água. Um estudo recente mostrou evidências de que a crosta lunar possui uma quantidade de água bem maior do que se imaginava anteriormente.

Daqui a séculos, alguns cientistas trabalham com a hipótese do esgotamento dos recursos hídricos aqui na Terra, principalmente de água potável. A Lua seria a solução para esse problema… E representaria poder para o país que chegou primeiro.

As informações são da CNBC.

O post Por que países voltaram a disputar uma corrida pela Lua? apareceu primeiro em Olhar Digital.

 

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *