Indústria pode evitar 85% das emissões de carbono atuais, mas há consequências

As emissões de carbono do setor industrial correspondem a um quarto do total e parecem impossíveis de ser evitadas. Um novo estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, mostrou que não é bem assim e até 85% das emissões atuais podem ser poupadas ao aderir a tecnologias de captura e armazenamento de carbono ou mudar de combustível para hidrogênio ou biomassa.

Para chegar nesse resultado, o estudo analisou os diferentes setores da indústria e avaliou opções disponíveis para a descarbonização, levando em conta o potencial de redução de emissões e o nível de prontidão tecnológica (o quanto uma medida está próxima de ser adotada em massa).

O New Atlas fez uma lista das áreas da indústria que estão prontas para reduzir emissões.

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Emissões na produção química

A produção química pode ser complicada, já que envolve produtos e reações delicadas, que necessitam de material e armazenamento específico. Porém, já existem processos com emissões elevadas que comprovadamente podem ser substituídos por alternativas limpas, como a síntese de amoníaco.

A pesquisa mostrou que o processo de síntese de amoníaco ainda é difícil de limpar por completo, com uma possibilidade baixa de adesão em massa. No entanto, um simples sistema de captura e armazenamento de carbono faz com que 90% das emissões sejam capturadas, podendo ser reaproveitadas.

Por enquanto, isso exige um custo energético de 25% a mais. Se o custo energético diminuir, a captura também diminui, o que ainda é significativo em diminuir as emissões.

(Imagem: Kichigin/Shutterstock)

Metais: ferro, aço, alumínio

O processo de produção de ferro e aço envolve fornos abastecidos a combustíveis fósseis para chegar às altas temperaturas necessárias. O resultado é toneladas de emissões para cada tonelada de produto final.É possível substituir os combustíveis fósseis por hidrogênio e reutilizar o próprio elemento para fazer aço verde. Este último já é usado por algumas empresas, como a Volvo.Já para o alumínio, dois terços da produção vem da eletricidade, utilizada para desencadear a eletrólise. O New Atlas afirma que basta usar energia verde para iniciar o processo, o que aumenta 20% o consumo energético, mas elimina mais de 80% das emissões.Outra solução simples é reciclar o alumínio, que o estudo estima que reduz as emissões em cerca de 95%.

Vidro

As únicas emissões associadas à produção do vidro são no maquinário dos fornos aquecedores. Para isso, bastaria mudar para fornos elétricos ou alimentados por biocombustível.

Além de poupar 80% das emissões totais, a opção elétrica ainda economiza de 15 a 25% de energia do que o maquinário tradicional.

(Crédito: Andrey Burmakin – Shutterstock)

Redução das emissões ainda enfrenta desafios

As emissões do cimento e cal são mais difíceis de limpar, já que são “emissões de processo” essenciais para a produção. É possível utilizar a técnica de captura e armazenamento de carbono, mas isso significaria um aumento no custo energético de no mínimo 60% para poupar apenas 40% das emissões.

Atualmente, a maioria das emissões do setor provém do uso de calor e energia. A pesquisa destaca que, mesmo que todos os processos passem a usar eletricidade no maquinário ou na geração de calor, ainda há um limite de quanto a rede elétrica pode aguentar.

A mesma coisa vale para o hidrogênio. Por mais que algumas possibilidades de implementação prática já existam, o aumento do uso aumentará a procura por hidrogênio verde, o que exige uma infraestrutura e logística que ainda não existe atualmente.

Isso tudo, sem contar o preço. Os combustíveis fósseis ainda são mais baratos e, segundo o estudo, a conversão para energia limpa aumentaria o custo operacional de 200 a 300%. A tecnologia de captura e armazenamento de carbono não é tão cara, mas ainda assim acrescentaria alguns dólares para cada tonelada, sem contar os gastos com instalação.

Como resposta, os pesquisadores citam um possível aumento nos custos de produção desses itens. Por exemplo, o aço pode ficar 15% mais caro, as olefinas podem subir até 220% e o betão, usado na construção civil, até 30% mais caro.

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