E agora, José? Toyota sofre com fraudes de novo

Instalada desde 1958 no Brasil, a Toyota montou em São Paulo sua primeira fábrica fora do Japão, inicialmente com a produção do Land Cruiser. Posteriormente, em 1962, com a transferência para São Bernardo do Campo, o Bandeirante teve a produção iniciada e, assim, a Toyota iniciou seu legado no país.

Com a abertura das importações em 1990, pelo então presidente Fernando Collor, a japonesa passou a trazer seus modelos para o Brasil. Entre eles, estava o Corolla, que passou a ser nacional em 1998, produzido na fábrica de Indaiatuba, o que transformou a Toyota em sinônimo de qualidade, robustez e liquidez no mercado.

Mas as recentes notícias envolvendo a Toyota ligaram um alerta. E a principal pergunta é: o que está acontecendo com a Toyota no mundo?

Em 2007, modelos da Toyota aceleravam de forma espontânea e o culpado inicialmente foi o tapete que se soltava da presilha e travava o acelerador. Mas, como em alguns modelos o problema aconteceu sem que o tapete fosse o culpado, a empresa investigou o pedal do acelerador e descobriram que o mecanismo do sistema podia ficar grudento e causar a aceleração repentina de seus modelos. A falha foi registrada nas Américas, Oriente Médio e na África, o que gerou um recall imenso.

No Brasil, em 2010, aí sim o tapete foi o culpado por uma falha de fixação, o que gerou alguns acidentes em virtude do acelerador travado pelo tapete. A marca se negou a fazer um recall e a Justiça determinou a suspensão da venda do Corolla em Minas Gerais. Somente após o Ministério da Justiça ameaçar a interrupção das vendas em todo o país é que a Toyota fez o recall que envolveu 110 mil unidades.

Imagem: shutterstock/josefkubes

Os problemas recentes

Em 2023, por meio de sua subsidiária Daihatsu, a marca se envolveu em uma fraude de segurança que afetou 88 mil carros. Do total, 76 mil unidades eram do Yaris, vendidos na Tailândia, México e países do Conselho de Cooperação do Golfo. A irregularidade se deu nos testes de colisão lateral de 64 modelos, incluindo Toyota Yaris ATIV, Toyota Agia e Perodua Axia, o que se estendeu a outras marcas que compartilham tecnologia e plataformas, como Mazda e Subaru.

O revestimento interno da porta do banco dianteiro foi modificado para que não se partisse em bordas afiadas que pudessem ferir os ocupantes durante o acionamento do airbag lateral, que também era mais eficiente. Porém, essas modificações não faziam parte dos veículos de produção.

O presidente do conselho da Toyota, Akio Toyoda, admitiu a fraude em declaração oficial: “A irregularidade da Daihatsu Motor Co. é uma questão que diz respeito à segurança, que é o aspecto mais importante nos veículos. Consideramos isso um ato absolutamente inaceitável que trai a confiança de nossos clientes. Gostaríamos de nos desculpar sinceramente com nossos clientes em todo o mundo e todas as partes relacionadas pela inconveniência e preocupação que isso causou.”

A Daihatsu, por sua vez, informou que os clientes que utilizam estes modelos não precisam realizar nenhuma ação para continuar o uso, pois não há nenhum relato de ferimentos ou mortes relacionados à fraude.

Agora, em 2024, a japonesa encara outra turbulência. Desta vez, causada pela fraude de emissões em seus motores a diesel, o que levou à suspensão da venda de 10 modelos, entre eles Hilux e SW4, produzidos na Argentina e vendidos no Brasil. O problema, está no software usado para a certificação dos motores, que deixam os valores de potência e torque mais suaves e com menos variação, o que também muda os níveis de emissões gerados pelos propulsores.

Mais uma vez, a Toyota se manifestou: “A Toyota Industries Corporation, uma afiliada da Toyota Motor Corporation, anunciou em 29 de janeiro de 2024 que foram encontradas irregularidades nos testes de certificação de potência (cavalos) aplicáveis a determinados países em três modelos de motores da Toyota. Entretanto, esse problema não afeta nenhum veículo comercializado no Brasil. Esse problema está relacionado a irregularidades no processo de certificação com base em requisitos locais em determinados países, mas não tem nenhum impacto sobre a potência real, o torque ou outros valores relacionados ao trem de força do veículo”.

Foto: Toyota Yaris/Divulgação

E agora, José?

Não dá para entender como uma marca com o tamanho da Toyota se deixa envolver em fraudes tão mesquinhas que nada mais demonstram que a qualidade se perdeu em detrimento das vendas e dos lucros exorbitantes, jogando toda a história da montadora no limbo das falcatruas.

Com tantas polêmicas envolvendo os veículos da marca, seja no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, como fica a confiança dos consumidores em seus modelos? Será que ainda vale investir tanto dinheiro em modelos da Toyota, que historicamente são mais caros? O que se vende é qualidade e confiabilidade, mas o que entregam é a dúvida. Melhor manter um pé atrás.

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