Arquivo diário: maio 21, 2024

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Celular Seguro chega a 50 mil alertas de roubo, furto ou perda de aparelhos

Mais de 2 milhões de pessoas se cadastraram em ferramenta criada pelo governo federal para inibir roubos de smartphones. Versão do Celular Seguro para Android
Reprodução
O Celular Seguro, ferramenta criada pelo governo federal que bloqueia smartphones a pedido de seus donos, chegou a 50 mil alertas de roubo, furto ou perda de aparelhos. O programa tem mais de 2 milhões de usuários cadastrados.
As informações foram divulgadas nesta terça-feira (21) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, que lançou o Celular Seguro em dezembro de 2023.
O programa está disponível no Android, no iPhone (iOS) e em uma versão para navegadores, no site celularseguro.mj.gov.br (veja abaixo como usar).
A ferramenta oferece uma espécie de “botão de emergência”, que permite comunicar roubo, furto ou perda do celular e pedir o bloqueio de aplicativos de banco e da linha telefônica. Esse alerta pode ser feito pelo dono do celular ou por uma pessoa de sua confiança.
Veja números sobre o Celular Seguro (até as 16h desta terça):
50.347 alertas de bloqueio
2.032.603 usuários cadastrados
1.626.679 telefones cadastrados
1.434.251 pessoas de confiança cadastradas
Atualização no Celular Seguro
Em abril, o programa ganhou uma atualização para facilitar o cadastro de celulares. Agora, usuários só precisam cadastrar dados como número do telefone, nome da operadora e marca do dispositivo.
Até então, o serviço também exigia informações sobre o modelo do aparelho e o IMEI (sigla em inglês que significa “Identidade Internacional de Equipamento Móvel”), um código de identificação do celular.
Android terá ‘modo ladrão’ que bloqueia tela do celular caso alguém o arranque de sua mão
O Ministério da Justiça e Segurança Pública também planeja trazer ao Celular Seguro um protocolo usado no Piauí para rastrear e recuperar celulares roubados.
Com ele, as operadoras fornecem informações sobre linhas habilitadas em celulares que aparecem na lista de aparelhos roubados. Depois, o receptador, ou seja, quem está usando o dispositivo, é intimado a comparecer a uma delegacia para esclarecer o caso.
Caso não apresente a nota fiscal do aparelho, ele precisa entregar o telefone para autoridades, que o encaminham aos verdadeiros donos.
A pasta discute ainda com as operadoras Claro, Vivo, Tim e Oi uma possibilidade de bloquear linhas telefônicas em aparelhos roubados. Hoje, o bloqueio é restrito ao aparelho e é feito pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
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Barbara Miranda, g1
Aplicativo Celular Seguro vai incluir outros tipos de bloqueio

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Globo promove encontro para universitários sobre segurança da informação

GloboSec Week será realizada em julho, no Rio de Janeiro. Veja como se inscrever. GloboSec Week
Divulgação
A 3ª edição da GloboSec Week, encontro para estudantes universitários sobre segurança da informação promovido pela Globo, está com as inscrições abertas até o dia 2 de junho. Além da imersão no ambiente da empresa, o evento conta com uma premiação.
A experiência, que irá acontecer entre os dias 23 e 26 de julho, terá dinâmicas e palestras conduzidas pelo time de tecnologia da Globo. Entre os temas que serão abordados estão: fundamentos da segurança da informação, criptografia, cyber security compliance e segurança de conteúdo.
O evento será realizado no Rio de Janeiro, nos Estúdios Globo e na sede da empresa no Jardim Botânico.
Para se inscrever é preciso acessar este link e preencher o formulário, com questões sobre informações pessoais e um teste de conhecimentos gerais sobre tecnologia da informação.
Segurança da informação tem salário alto, mas faltam profissionais; veja como entrar
Durante o período de inscrições, será possível acompanhar nas redes da Globo conteúdos que vão explicar o evento, trazendo a experiência de participantes das outras edições e que hoje estão na empresa, além do time organizador.
Confira como foi a última edição no vídeo a seguir:
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Moraes diz que big techs não podem continuar como ‘terra de ninguém’ e pede à ONU Declaração de Direitos Digitais

Presidente do TSE deu declaração durante seminário na Corte sobre o uso de inteligência artificial nas eleições. Para magistrado, é necessário regulamentar as redes sociais. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e ministros da Corte durante seminário sobre inteligência artificial
Kevin Lima/g1
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, disse nesta terça-feira (21) que a Organização das Nações Unidas (ONU) deve liderar um esforço para elaboração de uma Declaração Universal de Direitos Digitais em defesa da democracia.
Em discurso na abertura de um seminário do TSE sobre inteligência artificial nas eleições, Moraes defendeu o texto nos moldes da já existente Declaração Universal dos Direitos Humanos, que serve de base para direitos fundamentais em países de todo mundo e se tornou um dos pilares da sociedade moderna.
Segundo ele, a declaração de direitos digitais funcionaria como uma cooperação internacional para combater o mau uso de redes sociais e ferramentas digitais, como a inteligência artificial (IA).
“Há pouco mais agora de 75 anos, a ONU proclamou a sua declaração de direitos. Há hoje uma necessidade também de uma discussão, do ponto de vista internacional, para que a ONU lidere uma declaração de direitos digitais em defesa da democracia”, disse o ministro
Para Alexandre Moraes, essa declaração universal seria uma forma de impedir que as chamadas big techs — gigantes de tecnologia mundial — continuem como “terra de ninguém” a nível global.
“Não podemos permitir que essas big techs, que atuam no mundo todo, continuem sendo terra de ninguém. Não podemos permitir que essas big techs sejam consideradas empresas de tecnologia. São empresas de publicidade, de mídia, de informação. E, como tais, devem ser responsabilizadas igual todas as demais”, declarou Moraes.
O ministro também voltou a defender a criação de regras para redes sociais no Brasil. Alexandre de Moraes avaliou que mecanismos legislativos são necessários para reprimir o uso das plataformas e da inteligência artificial na manipulação de resultados eleitorais.
“Além da educação, da prevenção e da preparação para o combate à utilização de inteligência artificial para propagar as fake news, as deepfakes, é importante também mecanismos administrativos, legislativos e judiciais para que nós possamos combater, de forma repressiva também, para que nós não deixemos que isso influencie nas eleições”, declarou.
Para o magistrado, a utilização da IA, “anabolizando as fake news”, pode interferir no resultado de uma eleição.
“Porque até que aquilo seja desmentido, até que chegue a versão verdadeira a todo eleitorado, isso pode mudar milhares de votos. Consequentemente, pode fraudar o resultado da vontade popular. Nós não podemos permitir isso”, acrescentou Moraes.
‘Terra digital’
Recém-eleita para comandar o TSE durante as eleições municipais de 2024, a ministra Cármen Lúcia disse, no evento, que é possível identificar e responsabilizar quem manipula o espaço virtual para “corroer” a democracia.
Para a ministra, a expressão “terra de ninguém” não deve ser aplicada ao ambiente digital. Em sua participação no seminário desta terça, a ministra afirmou ainda que o avanço da inteligência artificial sobre os pilares da democracia é um “tema que preocupa o mundo inteiro”, especialmente órgãos responsáveis por organizar eleições.
“Criaram uma terra digital, supranacional, atuando no planeta, e há, sim, alguém perfeitamente identificável que é dono dessas plataformas, que atua nessas plataformas, que atua nos algoritmos e faz com que eles atuam sobre a inteligência natural das pessoas, fazendo com que sejam mutiladas as liberdades e, dessa forma, corroídas as democracias”, afirmou Cármen Lúcia.
Regulamentação
Juristas pedem regulamentação da inteligência artificial em relatório entregue ao Senado
A regulamentação das redes sociais e da IA é alvo de discussão no Congresso. No início deste ano, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elencaram a medida como uma das prioridades das Casas em 2024.
Há uma discussão já avançada no Senado a respeito da inteligência artificial, sob a relatoria do senador Eduardo Gomes (PL-TO). Do lado dos deputados, um projeto, já aprovado pelos senadores, que estabelecia mecanismos de combate à disseminação de conteúdos ilícitos em redes sociais ficou travado.
Como saída, Lira decidiu criar um grupo de trabalho para reformular a proposta e abarcar a regulamentação das redes e da IA. A ideia é unificar o texto discutido por Gomes junto a normas de consenso para as big techs. Apesar do anúncio, o colegiado ainda não foi oficialmente criado.
Enquanto o debate não avança no Congresso, o TSE aprovou, em fevereiro, regras que podem levar à cassação de um candidato por uso irregular de IA.
A regra faz parte de um conjunto de 12 sugestões que foram analisadas pelo tribunal e que serão aplicadas nas eleições municipais de 2024.
Com relação à IA, o TSE decidiu que as campanhas eleitorais deverão obedecer às seguintes regras:
conteúdos manipulados por IA deverão ser identificados como tal;
chatbots e avatares para intermediar a comunicação da campanha devem ter uso limitado. Não poderá haver qualquer simulação de conversa do chatbots e avatar com candidato ou pessoa real;
proibição absoluta ao uso de deepfake. Esse termo, deepfake, se refere a conteúdo produzido por IA que reproduz falsamente voz e imagem de pessoas reais.

Moraes diz que big techs não podem continuar como ‘terra de ninguém’ e pede à ONU Declaração de Direitos Digitais 0

Moraes diz que big techs não podem continuar como ‘terra de ninguém’ e pede à ONU Declaração de Direitos Digitais

Presidente do TSE deu declaração durante seminário na Corte sobre o uso de inteligência artificial nas eleições. Para magistrado, é necessário regulamentar as redes sociais. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e ministros da Corte durante seminário sobre inteligência artificial
Kevin Lima/g1
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, disse nesta terça-feira (21) que a Organização das Nações Unidas (ONU) deve liderar um esforço para elaboração de uma Declaração Universal de Direitos Digitais em defesa da democracia.
Em discurso na abertura de um seminário do TSE sobre inteligência artificial nas eleições, Moraes defendeu o texto nos moldes da já existente Declaração Universal dos Direitos Humanos, que serve de base para direitos fundamentais em países de todo mundo e se tornou um dos pilares da sociedade moderna.
Segundo ele, a declaração de direitos digitais funcionaria como uma cooperação internacional para combater o mau uso de redes sociais e ferramentas digitais, como a inteligência artificial (IA).
“Há pouco mais agora de 75 anos, a ONU proclamou a sua declaração de direitos. Há hoje uma necessidade também de uma discussão, do ponto de vista internacional, para que a ONU lidere uma declaração de direitos digitais em defesa da democracia”, disse o ministro
Para Alexandre Moraes, essa declaração universal seria uma forma de impedir que as chamadas big techs — gigantes de tecnologia mundial — continuem como “terra de ninguém” a nível global.
“Não podemos permitir que essas big techs, que atuam no mundo todo, continuem sendo terra de ninguém. Não podemos permitir que essas big techs sejam consideradas empresas de tecnologia. São empresas de publicidade, de mídia, de informação. E, como tais, devem ser responsabilizadas igual todas as demais”, declarou Moraes.
O ministro também voltou a defender a criação de regras para redes sociais no Brasil. Alexandre de Moraes avaliou que mecanismos legislativos são necessários para reprimir o uso das plataformas e da inteligência artificial na manipulação de resultados eleitorais.
“Além da educação, da prevenção e da preparação para o combate à utilização de inteligência artificial para propagar as fake news, as deepfakes, é importante também mecanismos administrativos, legislativos e judiciais para que nós possamos combater, de forma repressiva também, para que nós não deixemos que isso influencie nas eleições”, declarou.
Para o magistrado, a utilização da IA, “anabolizando as fake news”, pode interferir no resultado de uma eleição.
“Porque até que aquilo seja desmentido, até que chegue a versão verdadeira a todo eleitorado, isso pode mudar milhares de votos. Consequentemente, pode fraudar o resultado da vontade popular. Nós não podemos permitir isso”, acrescentou Moraes.
‘Terra digital’
Recém-eleita para comandar o TSE durante as eleições municipais de 2024, a ministra Cármen Lúcia disse, no evento, que é possível identificar e responsabilizar quem manipula o espaço virtual para “corroer” a democracia.
Para a ministra, a expressão “terra de ninguém” não deve ser aplicada ao ambiente digital. Em sua participação no seminário desta terça, a ministra afirmou ainda que o avanço da inteligência artificial sobre os pilares da democracia é um “tema que preocupa o mundo inteiro”, especialmente órgãos responsáveis por organizar eleições.
“Criaram uma terra digital, supranacional, atuando no planeta, e há, sim, alguém perfeitamente identificável que é dono dessas plataformas, que atua nessas plataformas, que atua nos algoritmos e faz com que eles atuam sobre a inteligência natural das pessoas, fazendo com que sejam mutiladas as liberdades e, dessa forma, corroídas as democracias”, afirmou Cármen Lúcia.
Regulamentação
Juristas pedem regulamentação da inteligência artificial em relatório entregue ao Senado
A regulamentação das redes sociais e da IA é alvo de discussão no Congresso. No início deste ano, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elencaram a medida como uma das prioridades das Casas em 2024.
Há uma discussão já avançada no Senado a respeito da inteligência artificial, sob a relatoria do senador Eduardo Gomes (PL-TO). Do lado dos deputados, um projeto, já aprovado pelos senadores, que estabelecia mecanismos de combate à disseminação de conteúdos ilícitos em redes sociais ficou travado.
Como saída, Lira decidiu criar um grupo de trabalho para reformular a proposta e abarcar a regulamentação das redes e da IA. A ideia é unificar o texto discutido por Gomes junto a normas de consenso para as big techs. Apesar do anúncio, o colegiado ainda não foi oficialmente criado.
Enquanto o debate não avança no Congresso, o TSE aprovou, em fevereiro, regras que podem levar à cassação de um candidato por uso irregular de IA.
A regra faz parte de um conjunto de 12 sugestões que foram analisadas pelo tribunal e que serão aplicadas nas eleições municipais de 2024.
Com relação à IA, o TSE decidiu que as campanhas eleitorais deverão obedecer às seguintes regras:
conteúdos manipulados por IA deverão ser identificados como tal;
chatbots e avatares para intermediar a comunicação da campanha devem ter uso limitado. Não poderá haver qualquer simulação de conversa do chatbots e avatar com candidato ou pessoa real;
proibição absoluta ao uso de deepfake. Esse termo, deepfake, se refere a conteúdo produzido por IA que reproduz falsamente voz e imagem de pessoas reais.

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‘Stalking’: saiba quando a perseguição na internet se torna crime

Lei sancionada em abril de 2021 tipificou prática no Código Penal, que pode acontecer no mundo físico ou virtual e é mais comum contra mulheres. Entenda o que é, quais são penas e veja como denunciar. ‘Stalking’: saiba quando a perseguição na internet se torna crime
Perseguir uma pessoa on-line ou no mundo físico pode dar cadeia. Em abril de 2021, foi sancionada uma lei que incluiu no Código Penal o crime de perseguição, conhecido também como “stalking” (em inglês).
A pena para quem for condenado é de 6 meses a 2 anos de prisão, mas pode chegar a 3 anos com agravantes, como crimes contra mulheres (entenda mais abaixo).
Especialistas ouvidos pelo g1 apontaram que a maioria dos casos acontece contra mulheres, por meio de parceiros e ex-parceiros.
As perseguições, no entanto, sempre ocorreram. Acontece que antes eram enquadradas em um artigo da Lei das Contravenções Penais e tinham como pena a prisão por 15 dias a dois meses, ou multa. “stalking” virou crime, com tipificação específica.
Veja como e quando denunciar o ‘stalking’, crime de perseguição
Daniel Ivanaskas/G1
O que caracteriza o crime de ‘stalking’ na internet?
O termo “stalkear” muitas vezes parece banal, utilizado para se referir a prática de bisbilhotar os posts de pessoas. A curiosidade, por si só, não configura nenhum tipo crime.
O delito ocorre quando isso passa a influenciar na vida de quem é acompanhado.
“O que caracteriza o crime é quando há uma ameaça à integridade física ou psicológica da pessoa, restringindo uma capacidade de se locomover ou perturbando a liberdade ou a privacidade do alvo”, explicou Nayara Caetano Borlina Duque, delegada da DCCIBER (Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo), em entrevista ao g1, em 2021.
A lei diz que a perseguição deve ser reiterada, ou seja, acontecer diversas vezes.
Na prática, o crime de “stalking” digital se dá quando a tentativa de contatos é exagerada: o autor passa a ligar repetidas vezes, envia inúmeras mensagens, faz inúmeros comentários nas redes sociais e cria perfis falsos para driblar eventuais bloqueios.
Criminoso costuma criar perfis falsos e fazer diversas tentativas de contato
Daniel Ivanaskas/Arte G1
Crime vai além da espionagem
“Temos notícias também de malwares (programas espiões) que são encaminhados e infectam dispositivos móveis ou o computador da vítima. E, a partir dali, é possível o infrator ter um histórico de localização, chamadas, agenda de contato, quais as fotos e vídeos que fez”, disse a delegada da Divisão de Crimes Cibernéticos.
Muitas vezes, a instalação desse tipo de software, também chamado de “stalkerware”, acontece por meio de um acesso físico ao aparelho celular – ou seja, alguma pessoa da convivência da vítima pega o aparelho e baixa o programa.
Apesar disso, há casos em que os apps vêm “disfarçados” e as vítimas podem ser levadas a instalá-los em seus dispositivos sem perceber.
LEIA MAIS: Como descobrir se você está sendo espionado pelo celular
ENTENDA: como funciona um programa espião
É possível um celular ser espionado sem nenhum aplicativo?
‘Stalking’ (perseguição, em inglês) agora é crime no Brasil
Daniel Ivanaskas/Arte G1
Mas a prática de instalar um programa como esse no celular de alguém não é o suficiente para caracterizar o crime de “stalking”.
“O crime exige a perseguição somada com ameaça de integridade física, psicológica, perturbação da privacidade, da liberdade, restringindo a capacidade de locomoção. A vítima tem que sentir que houve violação de alguma dessas características”, explicou Nayara.
“A vítima fica com tanto medo do perseguidor que deixa de frequentar os ambientes que ela costuma ir, não vai na academia, não vai ao trabalho, não sai mais desacompanhada”, explicou em 2021 Jacqueline Valadares da Silva, então titular da 2ª Delegacia de Defesa da Mulher em São Paulo e hoje presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).
Vítimas sentem medo de seguir a rotina por causa da perseguição
Daniel Ivanaskas/Arte G1
On-line e off-line
Segundo as autoridades ouvidas pelo g1, é comum que a perseguição ocorra no mundo virtual e no mundo físico ao mesmo tempo:
as tentativas de contato geralmente começam pela internet;
com o tempo, o autor passa a tentar encontrar com a vítima pessoalmente;
é comum tentar constrangê-la ao aparecer na porta de casa ou do trabalho.
Quando e como denunciar?
Quando uma pessoa se sentir perseguida a ponto de ter que alterar a sua rotina por medo do “stalker”, é hora de procurar a polícia, dizem os especialistas.
“É tentar fazer esse exercício: entender qual o momento que isso se torna incômodo. Quando a tentativa de contato fica abusiva demais e você não pode usar o seu telefone”, disse Bruna Santos, coordenadora da ONG Data Privacy Brasil.
A pessoa que sofre esse tipo de perseguição deve procurar a delegacia mais próxima ou a delegacia eletrônica para fazer o registro do boletim de ocorrência.
Não é preciso conhecer o “stalker” para fazer a denúncia. Em muitos casos on-line, os perseguidores utilizam perfis falsos para enviar mensagens – e a polícia pode pedir para as empresas de mídias sociais compartilharem informações sobre o dono daquela conta.
Para que a polícia possa dar prosseguimento à investigação, a vítima precisa fazer uma representação, que é dizer às autoridades que deseja que o agressor seja processado.
“Por ser um crime que afeta diretamente a vida privada da vítima, a esfera de privacidade dela, a lei trouxe esse requisito. Isso pode ser feito num prazo de 6 meses a partir do momento que a gente sabe quem é o autor daquele crime”, explicou a delegada Jacqueline Valadares da Silva.
“Caso contrário, a polícia não pode instaurar inquérito, não vai poder haver um processo criminal contra esse agressor”, concluiu.
É preciso juntar provas?
Não é preciso apresentar provas na hora do registro da ocorrência, mas a recomendação é reunir evidências da perseguição. “Se vir que apareceu no celular que está havendo um acesso externo, tentar tirar uma captura de tela, por exemplo”, disse Bruna Santos, coordenadora da Data Privacy Brasil.
“O simples print não garante a autenticidade e a veracidade da prova. O STJ considerou essa questão da prova que pode ser modificada, adulterada”, advertiu a professora de direito penal da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas, Christiany Pegorari Conte.
A advogada explicou que as vítimas de crimes na internet podem realizar a captura de tela, mas o ideal é buscar meios que ajudem a comprovar a autenticidade das informações.
Uma das possibilidades é registrar uma ata notarial, método em que um cartório pode reconhecer que um conteúdo realmente estava em um app ou página da internet em uma determinada data. No entanto, esta opção não garante que não houve adulteração na conversa.
Outra possibilidade é buscar empresas que prestam serviços de registro de provas digitais. Esse método oferece mais garantias de que uma informação não foi adulterada.
Bruna Santos, da Data Privacy Brasil, disse que um advogado pode ajudar nesses casos. Ela destacou que há alternativas gratuitas como a Rede Feminista de Juristas e a Defensoria Pública para buscar orientação jurídica.
‘Stalking’ contra mulher
A delegada da Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo explicou que o agravante relacionado ao crime “contra mulher por razões da condição do sexo feminino” traz duas hipóteses:
Quando o crime for praticado no contexto da violência doméstica e familiar, o que remete à Lei Maria da Penha. Nesses casos, o agressor possui uma relação íntima de afeto, uma relação familiar ou uma relação doméstica com a vítima.
Quando a conduta for praticada por menosprezo ou discriminação pela condição da mulher, o que inclui agressores que nunca tenham tido contato com a vítima.
Mesmo antes de o “stalking” virar crime no Brasil, a ONG Safernet já vinha mapeando vítimas e ofereceu um canal de ajuda. De 2015 e 2020, foram 87 casos de vítimas de “ciberstalking” que buscaram ajuda da SaferNet.
A ONG diz que as mulheres eram maioria nos atendimentos (75,9%). Segundo as delegadas ouvidas pelo g1, é mais comum que o crime seja cometido por parceiros ou ex-parceiros das vítimas.
Mulheres são maioria das vítimas de perseguição
Daniel Ivanaskas/Arte G1
‘Me ligava 50 vezes por dia’, diz vítima de stalking; veja como se proteger e denunciar

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Ashley Madison: o mega hackeamento que expôs dados de milhões de casados infiéis (e o que aconteceu com a empresa)

A promessa era do mais estrito sigilo, mas o site de namoro para homens e mulheres com companheiros acabou abalando os alicerces de milhões de relacionamentos. Ashley Madison: o mega hackeamento que expôs dados de milhões de casados infiéis (e o que aconteceu com a empresa)
PA
“A vida é curta. Tenha um affair.”
Com este slogan, a empresa Ashley Madison seduziu pessoas casadas de todo o mundo dispostas a encontrar fora da família a paixão que já sentiram nas relações amorosas.
Mas tudo acabou mal quando hackers misteriosos revelaram os dados pessoais e alguns dos segredos mais escondidos de cerca de 32 milhões de assinantes do serviço.
Desde casamentos desfeitos e marginalização social até suicídios, as consequências foram devastadoras para muitos dos usuários da plataforma.
A Netflix estreou esta semana a minissérie documental Ashley Madison: Sexo, Mentiras e Escândalo, dirigida por Toby Paton.
Confira nesta reportagem o que aconteceu com a plataforma de relacionamentos mais transgressora da História.
O que é Ashley Madison
Ashley e Madison são dois nomes femininos comuns nos EUA que inspiraram o nome da plataforma
GETTY IMAGES
Quando a internet se instalou no cotidiano das pessoas, o canadense Darren J. Morgenstern viu que homens e mulheres ávidos por aventuras fora do casamento poderiam ser um bom nicho de mercado.
Em 2002, ele fundou a Ashley Madison, um portal onde esses usuários podiam compartilhar informações pessoais, fotos e preferências sexuais para se conectarem com potenciais amantes nas proximidades.
De acordo com o modelo de negócio, as mulheres podiam iniciar conversas com outros membros gratuitamente, enquanto os homens tinham que comprar créditos para fazer o mesmo.
Depois de resultados relativamente discretos nos primeiros anos, a chegada de Noel Biderman como novo CEO da empresa em 2007 impulsionou o número de usuários por meio de uma estratégia de marketing hábil, agressiva e controversa.
A maioria das redes online recusou-se a transmitir anúncios da Ashley Madison, então Biderman recorreu às redes de TV dos Estados Unidos com mensagens inovadoras e escandalosas — como, por exemplo, dizer que a infidelidade poderia ter efeitos positivos nos relacionamentos.
Soma-se a isso uma campanha intensa e provocativa com mensagens em sites, meios de comunicação e outdoors que não deixaram ninguém indiferente.
‘Sua esposa é gostosa… Mas as nossas também!’, diz um pôster que é exemplo da campanha publicitária transgressora do site Ashley Madison
GETTY IMAGES
Depois de atrair forte atenção da mídia, a plataforma se expandiu para diversos países e, no auge, afirmava ter 37 milhões de usuários, além de gerar lucros milionários.
Em decorrência disso, o site tornou-se alvo de críticas iradas de um grande número de detratores, que o consideravam imoral e uma ameaça aos valores familiares tradicionais.
Isso não incomodou os donos do negócio. “Não existe publicidade ruim. Toda publicidade é boa”, afirma um deles na série recém-lançada.
O hackeamento
O portal prometia discrição absoluta, estrita confidencialidade e os mais elevados padrões de segurança na proteção dos dados pessoais dos usuários.
No entanto, como reconhecem ex-funcionários da empresa no documentário da Netflix, essa era uma promessa falsa e a empresa náo tinha proteções satisfatórias.
Em 2015, um grupo que se autodenomina The Impact Team (“A Equipe de Impacto”, em tradução livre) invadiu os sistemas da Ashley Madison e extraiu quase todas as informações dos servidores.
O grupo disse à empresa que, caso não encerrasse definitivamente os negócios em 30 dias, publicaria as informações pessoais de todos os usuários na chamada dark web.
Existe uma teoria de que o The Impact Team pode ser uma única pessoa. Talvez um ex-funcionário irritado, um fanático religioso, um concorrente ou um cônjuge traído?
GETTY IMAGES
Após várias tentativas fracassadas de encontrar o responsável pelo hackeamento — e apesar da contratação urgente de hackers de alto nível para realizar essa tarefa —a empresa não concordou com a chantagem, nem conseguiu impedir que o The Impact Team concretizasse a ameaça.
Os dados de cerca de 32 milhões de pessoas vazados na dark web incluíam nomes, fotografias, endereços, e-mails e preferências sexuais.
Posteriormente, um novo compartilhamento de dados envolveu imagens íntimas, números de cartão de crédito e mais informações privadas dos usuários.
‘Caça às bruxas’
O conteúdo migrou rapidamente da dark web para as páginas da internet mais acessíveis ao público. A partir daí, bastava simplesmente inserir um e-mail para revelar se o dono daquele endereço havia usado o Ashley Madison.
Nos Estados Unidos, o principal mercado da plataforma, o vazamento deu origem a toda uma “caça às bruxas”. Milhões de pessoas passaram a procurar e apontar suspeitos de infidelidade, desde maridos e parentes a vizinhos, pastores de igrejas, políticos e celebridades.
Foi o caso dos famosos YouTubers americanos Sam e Nia Rader, que são o fio condutor do documentário da Netflix.
O casamento aparentemente perfeito que eles tinham entrou em colapso quando se descobriu que Sam havia buscado aventuras extraconjugais no Ashley Madison.
O vazamento de dados da Ashley Madison mudou a vida de Sam e Nia Rader
Netflix
Embora não existam dados concretos, sabe-se que a publicação de informações de usuários da Ashley Madison desfez muitos casais e casamentos nos EUA e em diversos outros países.
Alguns desses episódios tiveram um fim trágico, como foi o caso de John Gibson, pastor e seminarista de Nova Orleans que enfrentou a rejeição em sua comunidade depois que a presença dele na plataforma foi revelada.
Gibson acabou se suicidando, segundo o relato da esposa dele.
Na contramão, outro casal afirmou ter experimentado boas experiências com o site de namoro, o que os inspirou a estabelecer um relacionamento aberto.
A publicação da lista de possíveis traidores e infiéis também revelou indícios de fraude por parte da empresa.
Embora afirmasse que cerca de 40% do público era formado por mulheres, descobriu-se que elas representavam apenas uma pequena parte dos usuários.
Além disso, existiam muitos perfis falsos ou robôs supostamente criados pela própria empresa para atrair homens e fazê-los comprar créditos.
A plataforma ainda permitia que os usuários excluíssem permanentemente as contas e os dados pessoais por US$ 19 (cerca de R$ 97). Mas esse apagamento das informações era falso, visto que muitos dos clientes que contrataram o serviço tiveram dados vazados mesmo assim.
O The Impact Team também publicou e-mails privados do CEO Noel Biderman, que expuseram várias infidelidades, apesar de ele sempre alegar em entrevistas — muitas vezes ao lado da esposa — que era estritamente monogâmico.
O que aconteceu com a Ashley Madison
Ilustração promocional da Netflix sobre a série
Netflix
Biderman, que não esteve envolvido no documentário, deixou o cargo de CEO em 2015 após a crise em torno do hackeamento.
Os tribunais foram inundados com queixas de fraude e danos contra a Ashley Madison, que desembolsou um total de 11 milhões de dólares (cerca de R$ 56 milhões) a várias vítimas.
Mas a plataforma não desapareceu completamente.
Ele mudou de proprietário, se promove como “o aplicativo de namoro para casados ​​número um” do mundo e afirma ter hoje mais de 80 milhões de usuários em vários países.
O diretor do documentário, Toby Paton, afirma que tentou abordar a história da forma mais equilibrada possível, para evitar qualquer posicionamento moral sobre a questão.
“Em vez de repreender as pessoas que estavam no Ashley Madison, queríamos saber por que eles foram atraídos para o site. O que eles procuravam? O que acontecia nos relacionamentos deles?”, questiona Paton, no material divulgado pela Netflix.
“Todos sabemos que a infidelidade pode ser incrivelmente destrutiva e dolorosa, mas, ao mesmo tempo, o fato de a Ashley Madison ter 37 milhões de membros nos diz outra coisa que todos sabemos: comprometer-se com uma pessoa para o resto da vida é algo realmente difícil”, reflete ele.
Até hoje não se sabe quem foi o autor (ou os autores) do hackeamento que abalou os alicerces de milhões de casais pelo mundo.
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