Arquivo diário: maio 25, 2024

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ICQ vai sair do ar após 28 anos

Serviço de mensagens deixa de funcionar no dia 26 de junho. Programa foi bastante popular nos anos 2000 e chegou a ter mais de 100 milhões de usuários no mundo. Mensagem em inglês no site do ICQ anuncia o fim do serviço
Reprodução
“Uh-oh”. O som do ICQ, popular nos computadores dos brasileiros no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, vai soar pela última vez em 26 de junho, informou a VK, dona do serviço de mensagens instantâneas.
A VK, da Rússia, disse no site do mensageiro que “o ICQ vai parar de funcionar em 26 de junho. Você pode usar o VK Messenger para falar com seus amigos e o VK WorkSpace com seus colegas de trabalho”.
O ICQ foi um dos primeiros serviços de mensagens instantâneas para o computador, junto com o Microsoft MSN Messenger e o AOL Instant Messenger.
O programa foi criado em 1996 pela companhia israelense Mirabilis e vendido para a AOL em 1998.
O chat chegou a registrar 100 milhões de usuários em todo o mundo em 2001. Ao longo do tempo, o serviço perdeu relevância e foi substituído por mensageiros mais modernos, como o WhatsApp.
Em 2010, o programa foi vendido para a Digital Sky Technologies, dona do serviço VK, um clone russo do Facebook. Atualmente, o ICQ tinha versões para a web, computadores e celulares Android e iOS.
Tela do ICQ mais recente em um celular
Reprodução
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As pessoas que querem ter celulares menos inteligentes – e por que empresas não querem mais fabricá-los

Autoproclamados neo-luditas (pessoas que rejeitam tecnologias), algumas pessoas estão buscando celulares com menos recursos. Especialistas da indústria apontam margens de lucro precárias e um mercado instável em torno dessa necessidade específica. Alguns consumidores estão voltando a usar dispositivos mais antigos e simples
Getty Images/Via BBC
O iPhone completa 17 anos este ano. O lançamento do dispositivo com controle por tela sensível ao toque (touchscreen) marcou um momento que definiu nossas expectativas em relação aos smartphones desde então.
Quase uma geração inteira cresceu sem conhecer a vida sem um smartphone.
Tempo suficiente se passou para que as pessoas aprendessem sobre os benefícios e malefícios desses dispositivos em suas vidas, seja por inúmeros estudos científicos, seja por suas próprias experiências.
📱Muitas pessoas estão agora cientes dos custos de ter o mundo ao alcance dos dedos. E estão rejeitando as maneiras como esses telefones podem prejudicar a concentração, afetar o sono e agravar problemas de saúde mental.
Existem várias maneiras relativamente simples de lidar com essas questões, como instalar aplicativos que limitam o tempo de tela.
No entanto, algumas pessoas estão decidindo ir mais longe, voltando a um tempo antes da conexão constante.
➡️Elas estão migrando para dumbphones (em oposição ao smartphone), um termo abrangente para celulares com funções básicas, como chamadas, mensagens de texto e alarmes.
Alguns dumbphones lembram os celulares flip dos anos 90. Outros são produtos de nicho, de alto padrão, que proporcionam uma experiência de smartphone simplificada a um custo surpreendentemente alto.
Em alguns casos, pais preocupados estão optando por esses dispositivos como uma forma de manter seus filhos longe das distrações de um smartphone.
Mas o mercado também inclui:
idosos que desejam algo simples;
trabalhadores em indústrias pesadas, como construção civil ou agricultura, que precisam de aparelhos resistentes;
e usuários comuns que não podem pagar o preço médio de um smartphone, muitas vezes acima de US$ 500 (R$ 2.040), sendo que os smartphones topo de linha podem custar até US$1.600 (R$ 6.630). No Brasil, o valor de um iPhone pode chegar a cerca de R$ 14 mil.
Abandonar esses dispositivos também se tornou uma tendência: adolescentes desesperados para escapar das redes sociais estão se autoproclamando neo-luditas.
Eu sabia que precisava tentar também. Crescendo em uma casa sem consoles de videogame no início dos anos 2000, jogava Halo e Borderlands na casa de amigos até ficar tonto e desorientado.
Mais tarde, como repórter de jornal, absorvia a enxurrada de informações do Twitter entre os prazos de entrega e depois passava horas rolando notícias quando chegava em casa.
Durante a pandemia, abandonei o Twitter, mas sucumbi ao Instagram Reels. A sensação de estar sempre conectado corroía meu bem-estar. Sair do universo dos smartphones parecia perfeito para mim.
No entanto, fazer isso, na prática, foi um pouco mais difícil do que eu esperava.
Primeiro, tive dificuldade para conseguir um dumbphone.
Havia poucas opções e menos recomendações ainda, um contraste gritante com os milhões de análises de smartphones na internet.
Finalmente encontrei um site do escritor e defensor dos dumbphones Jose Briones, que oferece um “localizador de dumbphones”.
Acabei escolhendo um CAT-S22, um celular flip semi-inteligente, que tem acesso a aplicativos como Google Maps. Custou US$ 69 (R$ 352) e termina qualquer chamada com um estalido satisfatório.
Quanto mais aprendia sobre dumbphones, mais percebia que a falta de análises não era necessariamente o motivo pelo qual eu estava tendo dificuldade em encontrar um aparelho.
Apesar da demanda crescente, entendi que os fabricantes de celulares têm pouco ou nenhum interesse em oferecer esses dispositivos.
Com os smartphones representando a grande maioria de todas as novas vendas de celulares, os gigantes da tecnologia têm pouco incentivo econômico para continuar produzindo novos dumbphones ou atualizando suas linhas existentes.
Economia precária
Embora pequeno, existe um mercado para os dumbphones.
➡️Nos EUA, dados de agosto de 2023 da Counterpoint Research mostram que os feature phones (ou telefone básico inteligente) – um tipo de dumbphone básico com capacidades reduzidas – compõem apenas 2% do mercado de celulares. Isso representa apenas uma pequena fração, mas ainda são muitos dispositivos.
➡️A Counterpoint estimou que as vendas de feature phones nos EUA chegariam a 2,8 milhões até o final do ano.
“Os feature phones permanecem consistentes nos EUA, pois seu design simples, acessibilidade e resistência ainda atendem a públicos específicos”, segundo a empresa.
“Embora não haja um aumento significativo no mercado de feature phones, existem necessidades constantes que criam uma demanda estável para esses aparelhos em um mercado dominado pelos smartphones.”
Jim Roberts, professor de Marketing na Hankamer School of Business da Universidade Baylor, no Texas (EUA), afirma que uma proporção surpreendente dos dumbphones do mundo é vendida nos EUA – ele estima cerca de 20%, embora os dados de mercado variem consideravelmente.
“[Os consumidores] estão percebendo que não estão mais felizes, ou estão menos felizes, do que gostariam de estar”, diz Roberts. “E eles passam tanto tempo em seus smartphones que estão vendo o celular como o culpado.”
De acordo com o Statista Market Insights, o mercado global total de feature phones deve gerar uma receita de US$ 10,6 bilhões (R$ 54 bilhões) este ano.
No entanto, embora os fabricantes de telefones obtenham somas notáveis com as vendas de feature phones, eles têm dificuldade em lucrar com o hardware simplificado.
E geralmente não vale a pena, economicamente, tentar melhorar esse negócio, especialmente porque os telefones costumam ser apenas uma pequena divisão de suas empresas como um todo.
Muitas dessas gigantes da tecnologia geralmente geram receita com software ou hardware altamente especializado, pelo qual os consumidores estão dispostos a pagar preços elevados. Elas também têm fontes de receita muito diversificadas.
A Samsung, por exemplo, ganha bilhões todos os anos com sua divisão de semicondutores.
➡️Simplesmente, essas empresas têm pouco incentivo para atender aos usuários de dumbphones, cujo potencial de receita é relativamente pequeno – isso se conseguirem sequer tornar a fabricação desses dispositivos economicamente viável.
Além disso, especialistas dizem que a enorme quantia que as gigantes da tecnologia podem cobrar pelos smartphones sugere que elas não darão prioridade aos usuários de feature phones tão cedo.
Briones, que deixou de usar smartphones em 2019, explica que as grandes empresas de tecnologia não querem que os dumbphones superem seus modelos mais chamativos e caros.
“As grandes empresas de tecnologia não querem nada que reduza o uso de smartphones, pois não ganham dinheiro com o hardware do dispositivo”, diz ele.
Uma alternativa viável?
Para as empresas que ainda oferecem dumbphones, Thomas Husson, vice-presidente e principal analista da Forrester Research, não espera que muitas delas consigam sobreviver – ou pelo menos continuar fabricando esses dispositivos a longo prazo.
Além das margens de lucro precárias, há também o problema de que a tecnologia que sustenta esses dispositivos se tornará tão obsoleta que eles não poderão mais funcionar.
Por exemplo, os usuários de dumbphones em todo o mundo ficarão sem sorte se as redes 2G e 3G que garantem sua funcionalidade desaparecerem completamente. Além disso, muitos empregos – mesmo em posições de baixa remuneração – exigem que os funcionários possuam celulares com capacidades de aplicativos.
No fim das contas, pode não haver clientes suficientes para sustentar mesmo o modelo de negócios mais inteligente.
No entanto, pode haver uma maneira para as empresas de dumbphones sobreviverem.
Para serem economicamente viáveis, argumenta Husson, as empresas poderiam “desenvolver uma marca premium de nicho para alcançar esses segmentos”.
De fato, algumas startups estão tentando capturar esse mercado especializado e encontrar sucesso econômico – oferecendo uma espécie de releitura moderna do feature phone.
A Light, sediada em Nova York, cria “Light Phones” customizáveis que minimizam a exposição à internet, redes sociais e outras distrações.
“O que estamos tentando fazer com o Light Phone não é criar um dumbphone, mas sim um telefone mais intencional – um telefone premium e minimalista – que não é inerentemente anti-tecnologia”, disse Joe Hollier, cofundador da Light, à CNBC em 2023.
O dispositivo atualmente custa US$ 299 (R$ 1.525) – comparável a modelos de smartphones de baixo ou médio custo. É um preço alto para um telefone simplificado, mas a única maneira para a empresa tornar um produto de nicho economicamente viável.
Ao contrário dos feature phones, que geralmente são vendidos por seu baixo custo ou robustez, os telefones da Light são destinados a usuários conscientes que buscam um detox digital e desejam alguma conectividade sem sacrificar estilo ou funcionalidade.
O Light Phone de Briones faz chamadas, envia mensagens de texto e tem funções básicas de aplicativos, tudo visualizado através de uma tela de tinta eletrônica (e-ink) semelhante a um e-reader. Ele também pode ter um calendário, obter direções, transmitir podcasts e música e fazer anotações.
“É um bom conjunto de funcionalidades com o qual aprendi a viver”, diz ele.
No início deste ano, a marca suíça Punkt também lançou um smartphone simplificado por US$ 750 (cerca de R$ 3.825).
Eles apostam que consumidores de alto padrão se interessarão por um hardware que se assemelha aos smartphones a que estão acostumados.
A Punkt se voltou para a abordagem de dumbphone de luxo; em 2015, a empresa ofereceu um feature phone que se parecia com um iPhone, mas que só fazia chamadas, enviava mensagens de texto e tinha um calendário e um relógio. Não deu certo.
Esses novos dispositivos também terão que competir com outros modelos de negócios destinados a atrair usuários que desejam reduzir sua dependência digital, mas que podem querer fazer isso de uma maneira mais suave do que uma transição completa de hardware.
Essa é a estratégia da Ghost Mode, uma empresa sediada nos EUA. Em vez de vender seu próprio telefone, a empresa reprograma essencialmente um smartphone Google Pixel 6a de acordo com as especificações do cliente, com todos os aplicativos necessários.
Depois disso, a Ghost Mode bloqueia o telefone nessas configurações. Como a maioria desses produtos de nicho, esse serviço não é barato, custando US$ 600 (cerca de R$ 3 mil), mas pode atrair consumidores de alto padrão mais do que a opção de abandonar seus smartphones completamente.
Apesar desses novos participantes e do interesse crescente por telefones mais simples, o sucesso ainda é incerto.
A Bullitt, fabricante licenciada do CAT S-22 que comprei, fechou as portas um dia antes de meu telefone chegar. Apesar das notícias, experimentei o hardware por cerca de uma semana.
Ele me permitia fazer chamadas, enviar mensagens de texto e usar alguns aplicativos que eu usava para manter contato com amigos e familiares. Meu uso total da internet caiu para apenas uma hora por dia.
Eu conseguia me concentrar melhor no meu entorno, em livros e em música. Mas senti falta do meu aplicativo de biblioteca.
Então, voltei para o meu Samsung Galaxy A32 bastante desgastado – com uma ressalva. Instalei o Minimalist Phone, um aplicativo que elimina os ícones chamativos de aplicativos e fundos em favor de uma interface em preto e branco.
Mantive o Messenger, WhatsApp e Discord para manter contato, mas quase todos os outros aplicativos não essenciais foram descartados. Não sinto falta deles.
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Trocou de celular? Saiba como não perder suas mensagens de WhatsApp

A plataforma tem um recurso de backup que ajuda a recuperar mensagens e arquivos de conversas. A qualidade da conexão de internet e a quantidade de mensagens, porém, podem interferir no processo. WhatsApp
Reuters/Thomas White
O WhatsApp tem um recurso de backup que ajuda a recuperar mensagens e arquivos de conversas em caso de troca de celulares. Para isso, é preciso ter conexão à internet e espaço na memória.
Os aparelhos com Android precisam ter uma conta do Google ativa. No iPhone, é preciso ter uma conta do iCloud.
🤖 Como fazer backup do WhatsApp
Abra as configurações do WhatsApp (o ícone de três pontos no Android ou o botão de “Ajustes” no iPhone);
Selecione “Conversas”;
Clique em “Backup de conversas”;
Escolha a opção “Fazer backup”.
Esse processo fará o WhatsApp criar um arquivo que poderá ser usado caso você precise configurar sua conta em outro dispositivo. No Android, o conteúdo fica salvo na memória local e na sua conta do Google Drive, enquanto no iPhone, o backup vai para o iCloud (veja abaixo como economizar “memória”).
Na tela “Backup de conversas”, também é possível configurar o mensageiro para fazer cópias das suas mensagens de forma automática. O aplicativo oferece opções de backups diários, semanais ou mensais.
⌛ Como deixar o backup mais rápido
A qualidade da conexão de internet e a quantidade de mensagens podem tornar a criação do backup e a restauração de mensagens mais lenta.
Para agilizar o processo e evitar cobranças por uso de dados móveis (a internet do celular), o recomendado é criar o backup e recuperar conversas pelo Wi-Fi. Por padrão, o WhatsApp só permite fazer isso por meio deste tipo de rede.
Mas o aplicativo também dá a opção de realizar o backup em redes 4G ou 5G, por exemplo. Para isso, é preciso ativar o recurso seguindo este caminho: Configurações > Conversas > Backup de conversas > Fazer backup usando dados móveis.
Outra saída é deixar o backup mais leve, excluindo arquivos que você não quer mais. É possível apagar o conteúdo manualmente nas conversas ou configurar o app para não considerar vídeos no backup, por meio deste caminho: Configurações > Conversas > Backup de conversas > Incluir vídeos.
📲 Como economizar ‘memória’
O espaço de armazenamento do celular, mais conhecido como “memória”, pode ficar comprometido se o arquivo com seu histórico de conversas for muito grande.
Para economizar esse espaço valioso, salve o backup no Google Drive, se o aparelho for Android, ou no iCloud, se for um iPhone.
Para configurar o backup com o Google Drive, siga este passo a passo abaixo:
Arte mostrando o passo a passo para ativar o backup do Android no Google Dirve.
Luisa Rivas, g1
Arte mostrando o passo a passo para ativar o backup do Iphone no iCloud
Luisa Rivas, g1
🗣️ Fale com o suporte do WhatsApp
Há duas opções para entrar em contato com o suporte da plataforma em caso de falhas: pelo próprio aplicativo ou pelo site. O WhatsApp não oferece suporte por telefone.
Para enviar solicitações pelo WhatsApp, siga este caminho: Configurações > Ajuda > Fale conosco. Descreva o problema no campo de mensagem e clique em “Avançar”.
No site:
Entre no site oficial e escolha a opção mais adequada para receber ajuda.
Preencha o formulário com o número do telefone, e-mail e sistema operacional onde o WhatsApp foi instalado.
Depois, escreva a sua solicitação na caixa de texto. Feito isso, basta enviar os questionamentos.
Como se proteger de golpes no WhatsApp
Golpes no Whatsapp: saiba como se proteger

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Carros elétricos, concorrência chinesa e lançamento: presidente da Volvo Car Brasil fala ao g1

Marcelo Godoy concedeu entrevista após o evento de apresentação do EX30, novo carro de entrada da marca. Veículo 100% elétrico parte de R$ 229.950. Marcelo Godoy, presidente da Volvo Car Brasil
Divulgação/Volvo Car Brasil
A Volvo Car Brasil corre pelas beiradas da grande notícia do setor automotivo neste ano, que é a rodada bilionária de investimentos no Brasil por parte das montadoras. O presidente Marcelo Godoy faz questão, contudo, de se colocar como participante do momento virtuoso do mercado brasileiro.
Ele ressalta que a Volvo, uma importadora de veículos, decidiu renunciar de parte de sua margem de lucro para segurar os preços em meio ao aumento do imposto de importação, decidido pelo governo federal para este ano.
“A Volvo fez um único repasse para o cliente final, muito menor do que os 18% determinados pelo governo. Foi algo em torno de 7%”, afirma Godoy em entrevista ao g1.
“Eu posso dizer que esse é um investimento porque a montadora está lucrando menos para desenvolver o mercado nesse e nos próximos anos.”
Nesta semana, a empresa fez o lançamento oficial do novo modelo EX30, a grande aposta da marca para dobrar o volume de vendas no país.
Em 2024, a empresa emplacou cerca de 8,2 mil veículos. Com o EX30, a ideia é adicionar outros 8 mil à conta. Em pré-venda realizada desde o último trimestre do ano passado, a Volvo vendeu 2 mil unidades do lançamento.
O EX30 já respeita a meta da Volvo de vender apenas carros 100% elétricos até 2030. Escolhido para ser o carro de entrada da marca, ele faz companhia aos quatro modelos à venda no país: XC40, C40, XC60 e XC90.
A novidade terá três versões:
Core: R$ 229.950
Plus: R$ 277.950
Ultra: R$ 293.950
Ao g1, Godoy falou da estratégia da Volvo no Brasil e comentou sobre as nuances vividas pelo mercado automotivo brasileiro, incluindo sua concorrência com os elétricos chineses.
Da saída da Ford ao recorde de investimentos: o que reacendeu o ânimo das montadoras no Br
Veja a entrevista abaixo.
g1 – A grande notícia do mercado automotivo nesse ano foi a rodada de investimentos que as montadoras anunciaram no Brasil. Como a Volvo é uma importadora, acaba ficando de fora disso. Qual o papel da empresa nesse contexto?
Quando se olha o mapa global de grandes mercados, como China, Europa e Estados Unidos, fica meio claro que o Brasil pode atrair investimentos se fizer o dever de casa. O país sempre foi um polo de investimentos, isso está acontecendo agora para a indústria de carros porque o dinheiro está rodando dentro do setor. Eu adoro isso, e acho que esse país tem tudo para crescer.
A Volvo trabalha como importadora, mas gosto de reforçar: a marca fez, sim, um investimento grande no Brasil. Com o aumento do imposto de importação, a Volvo fez um único repasse para o cliente final, muito menor do que os 18% determinados pelo governo. Foi algo em torno de 7%.
Eu posso dizer que esse é um investimento porque a montadora está lucrando menos para desenvolver o mercado nesse e nos próximos anos.
Outro ponto importante: os importadores geram muito emprego. Tem toda a importação, a rede concessionária. E o grande diferencial dos importadores é a tecnologia que é trazida para o país, que ajuda a reverberar a competição para quem tem uma fábrica local.
g1 – Além de renunciar de parte da margem de lucro, qual é o plano de competitividade da Volvo com a chegada dos chineses, por exemplo, que miram no mercado de elétricos e estão trazendo as fábricas pra cá para driblar o imposto de importação?
É um bom ponto, mas produzir um carro no país não é dos lugares mais baratos. É sabido que ainda temos um custo alto de produção, falta a produtividade. O frete que eu pago da China até o meu porto em Cariacica (ES) é o mesmo valor de Cariacica para a Bahia. Vindo de navio e, aqui, entrando em carreta.
Do ponto de vista de produção, talvez o custo vai ficar mais barato. Mas meu carro é produzido na China, e tem um custo muito atrativo para o EX30. E os outros carros, eu consegui criar uma marca e precificá-lo de uma forma que o preço e a minha rentabilidade estão preservados.
Quando tiver a 35% [o imposto de importação], temos ferramentas para lutar contra o aperto de margem. Preciso diminuir os meus custos, ter uma operação mais enxuta. Ter uma eficiência melhor. E, eventualmente, esperar por um câmbio que me ajude.
Minha mensagem é: nada muda nossos planos e ambição de aumentar o volume. Se o imposto de importação for conforme está escrito — e, para mim, o melhor é ter tempo para me programar —, isso não afeta em nada os nossos planos.
Um dia, quem sabe, mantendo um volume alto e a nossa relevância dentro da matriz, podemos pensar em outras saídas.
EX30, lançamento da Volvo Car Brasil
Divulgação/Volvo Car Brasil
g1 – Mas é possível se manter competitivos a prazo mais longo, em meio ao aumento de imposto?
Os aumentos para esse ano e até para o ano que vem, com preço que temos, estão bem equalizados. A rentabilidade é boa enquanto está atrativo para vender carro no Brasil. Se precisar de algum aumento de preço no futuro, toda a indústria vai ter que fazer um ajuste de preço parecido.
g1 – Sobre essa questão de volume, o EX30 é o lançamento para ser uma espécie de carro de entrada da Volvo. Mas o preço está bem acima de um BYD Dolphin, por exemplo. Tem uma diferença de público-alvo e posicionamento?
Minha visão sobre os chineses é a seguinte: a Volvo está desde 2017 construindo um mercado de eletrificação no Brasil. Todos que vierem me ajudar nessa construção serão bem-vindos. Sejam os chineses, seja quem está me ajudando a disseminar os carregadores, como a WEG, que está entrando forte nesse business. Eu estou aplaudindo.
Do ponto de vista do segmento, temos uma divisão entre elétricos e os elétricos premium. Hoje, dentro do elétrico premium, eu tenho 60% de market share.
A Volvo é muito vinculada ao carro elétrico. Se imaginarmos que o cliente vai entrar para o segmento elétrico, o caminho natural é chegar até mim. E estaremos preparados, tanto com o produto, como pelo foco em atendimento.
Do ponto de vista de estratégia, nosso diferencial há tempos é o cuidado com cliente. Não posso acessar um cliente só no momento que vou aumentar meu volume de venda. Eu preciso de uma proposta comercial para ele, atendê-lo durante toda a jornada.
Temos uma metodologia de venda direta que já permite ter os dados para entender o cliente e aplicar uma oferta focada nele. No atendimento na concessionária, com a digitalização, eu sei o que está acontecendo de uma forma mais rápida. Não vejo outras empresas focando nisso.
g1 – Dá para fazer isso com a escala, já que o foco é aumentar o volume de vendas?
Sim. Para o EX30, começamos uma base limpa com as 2 mil vendas que fizemos no pré-lançamento. Com os antigos, temos um pouco de trabalho. Mas começamos uma comunicação direta com o dono do carro, orientando sobre as possibilidades que ele oferece e antecipando questões, de forma personalizada.
Um exemplo de agora: perguntamos se os compradores do EX30 queriam receber o wallbox antes [carregador de parede para o carro elétrico]. Os clientes amaram. Nós sabemos das dificuldades que muitos enfrentam para instalar um carregador na residência, mas talvez o cliente não saiba antes.
Isso dá para escalar, e o EX30, que deve ter o maior volume de vendas, já nasceu correto.
EX30, lançamento da Volvo Car Brasil
Divulgação/Volvo Car Brasil
g1 – O EX30 foi feito para ser o carro-chefe de vendas? Ano passado, o líder foi o XC60, bem mais caro e com metade dos 8 mil carros vendidos pela Volvo. Qual a projeção com a entrada de mais um modelo?
A ideia é dobrar de volume esse ano, mantendo os números dos outros modelos do ano passado. Seria, então, uma adição de 8 mil unidades do EX30, e cerca de 15 mil a 16 mil no total.
g1 – A Volvo tem uma meta de só produzir carros elétricos até 2030. Aqui no Brasil, se fala mais do híbrido flex. Vocês estão seguros com a estratégia, pensando que o processo de eletrificação de boa parte dos concorrentes vai ser diferente?
A estratégia está intacta. Acreditamos no carro elétrico para o Brasil como matriz de crescimento e, principalmente, porque nossa matriz energética é muito limpa.
Tenho acompanhado por meio da Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores, da qual Godoy também é presidente) as discussões entre a indústria, o governo, o Ministério da Indústria e Comércio.
Os técnicos não querem prevalência de uma tecnologia em detrimento da outra. Eles querem ser neutros com relação à taxação. Então, existe boa vontade de todos em fazer acontecer — não só o carro elétrico ou híbrido a álcool, mas toda uma indústria mais limpa no Brasil.
Além disso, o híbrido flex funciona para o Brasil, mas não para outros mercados. Do ponto de vista de colocar o Brasil no radar de tecnologia, o elétrico coloca muito mais do que um híbrido a álcool. Se o Brasil for só para esse caminho, ficaria isolado do resto.
Infelizmente, não temos tamanho nem condições macroeconômicas para andar sozinhos. Precisamos estar acoplados em outros mercados para crescer, atrair investimentos etc.