Cachorros serviram de comida para primeiros colonizadores da América do Norte

Um grupo de investigadores descobriu ossadas de cachorro em Jamestown, na Virgínia, que datam do século 17. A descoberta sugere que os primeiros colonos da América precisaram comer esses animais durante um momento de escassez alimentar. Além disso, a investigação dos achados revelou mais sobre a dinâmica entre os colonizadores europeus e os povos indígenas.

Para quem tem pressa:

Uma primeira parte do estudo descobriu que os animais serviram de alimentos quando a colônia estava quase entrando em colapso;

Uma investigação genética revelou que os animais eram resultados de muitos cruzamentos entre cachorros europeus e indígenas;

Por fim, a pesquisa descobriu que os genes dos cachorros europeus acabaram sobressaindo aos dos indígenas.

Ao todo, a investigação publicada na revista American Antiquity, encontrou 6 ossadas de cachorros que foram massacrados e consumidos pelos colonos. A investigação destaca um período, entre 1609 e 1610 onde Jamestown passou por dificuldades climáticas, batalhas contra tribos vizinhas, colheitas ruins e falta de suprimentos que deixaram a colônia em declínio. Não existia muita coisa para comer, e aparentemente os cães foram a solução.

Embora o consumo de carne de cão nas sociedades ocidentais modernas seja considerado um tabu, há uma longa história de consumo de cães durante períodos de stress em Inglaterra e noutras partes da Europa. Este comportamento significou que os ocupantes de Jamestown agiram como outros primeiros colonos espanhóis, ingleses e franceses que consumiam carne de cão em tempos de necessidade.

Trecho da pesquisaConsumir carne de cães nas sociedades ocidentais não é bem visto, no entanto, em momentos de crise eles já serviram de alimento (Crédito: parkphoom/ shutterstock)

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Os cachorros eram resultados de cruzamentos entre animais indígenas e europeus

Outra parte do estudo fez análises genéticas dos ossos dos cachorros que revelaram que os animais possuíam forte ascendência indígena. É sabido que os cães chegaram na América há cerca de 15 mil anos com os primeiros humanos a povoar o continente a partir da Eurásia. Os europeus, quando colonizaram a América, também trouxeram seus próprios cachorros que eram utilizados para diferentes tarefas, como proteção, pastoreio, caça e controle de pragas.

Por causa disso, presumia-se que era de interesse dos colonos manter a pureza das raças para o exercício de diferentes tarefas. No entanto, a nova investigação sugere que os cães indígenas e europeus estavam gerando prole entre si. As hipóteses são de que os cruzamentos aconteceram porque os grupos nativos e os colonos viviam próximos ou são resultados de relações comerciais entre eles.

Qual seja o motivo, segundo Ariane E. Thomas, pesquisadora principal do estudo, a descoberta indica que os colonizadores e os indígenas não se importavam muito que seus animais cruzassem entre si e de que eles possuíam um envolvimento mais complexo do que se pensava.

(Crédito: rosemaryandpine/ shutterstock)

Uma última análise revelou que os cães europeus superaram os indígenas, algo que já foi mostrado a partir de outros estudos genéticos.

Tal como outras pesquisas arqueológicas que ignoram a natureza multifacetada da presença e persistência indígenas no contexto contínuo do colonialismo, a perda de cães indígenas é uma questão pouco explorada dos impactos coloniais nas Américas.

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