Rede social anti-IA cresce entre artistas; entenda o motivo

Os planos da Meta em usar os dados dos usuários do Facebook e do Instagram para treinar a sua própria Inteligência Artificial segue gerando revolta entre as pessoas na internet. Uma classe específica, no entanto, parece ser a mais incomodada: a dos artistas.

Eles alegam que é injusto a empresa tomar posse do trabalho deles de graça – e lucrar com isso. Vários designers, fotógrafos e pintores, só para citar algumas dessas profissões ligadas à arte e à criatividade, costumam publicar as suas obras nas redes sociais, com objetivo de ganharem visibilidade ou atrair novos clientes.

Quando a Meta afirma que pode usar esse material no treinamento da sua IA, a máquina poderia se inspirar em uma dessas imagens para trazer algo muito parecido.

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Vejam o exemplo da fotógrafa Jingna Zhang. Ela ganhou recentemente um processo contra o pintor Jeff Dieschburg, que utilizou uma foto que ela tirou para a Harper’s Bazaar Vietnam e a transformou em um quadro.

I won. I won my appeal.

The Luxembourg court has ruled that Jeff Dieschburg infringed upon my copyright when he used my work without consent.

Using a different medium was irrelevant. My work being ‘available online’ was irrelevant. Consent was necessary. 1/ pic.twitter.com/f9GrmUScCY

— Jingna Zhang @ cara.app/zemotion (@zemotion) May 10, 2024

Um tribunal em Luxemburgo entendeu que o homem passou por cima dos direitos autorais da imagem ao utilizá-la sem consentimento da autora original.

Zhang teme que um dia possa acontecer a mesma coisa com a Inteligência Artificial. Futuramente, uma pessoa digitaria num eventual criador de imagens: “modelo asiática de lado, com o rosto virado para trás e segurando um buquê”. E o resultado seria uma quase cópia da sua foto.

A rede social Cara

Pensando nisso, Jingna Zhang resolveu fundar uma rede social própria para artistas.

Batizada de Cara, ela é uma mistura de Instagram com o X (antigo Twitter), na qual os usuários podem postar seu portfólio, mas também atualizações e textos no feed.

Esse é o exemplo de um perfil na rede social Cara (bem parecido com outras plataformas) – Imagem: Reprodução/Cara

A grande diferença é que a plataforma tem o compromisso de não utilizar ou vender nenhum dado para usos relacionados à IA.

A Cara também tem uma parceria com o projeto Glaze, da Universidade de Chicago, uma iniciativa que coloca camadas de proteção em material com direitos autorais.

Essa rede social foi fundada em 2022, mas não tinha muitos adeptos até as últimas semanas.

É aí que o plano da Meta entra na história.

Com a notícia de que a empresa de Mark Zuckerberg iria utilizar os dados para treinar sua IA, muitos artistas resolveram deixar o Facebook e o Instagram e migraram para a Cara.

A plataforma de Zhang cresceu de 40 mil para 650 mil usuários em mais ou menos 7 dias.

O movimento ficou aparente quando a Cara virou um dos aplicativos mais baixados da App Store.

Próximos passos

Esse boom pegou a empreendedora de surpresa. Da noite para o dia, a hospedagem da plataforma na internet passou a custar uma fortuna, com os milhares de novos usuários.

Antes, a Cara operava com uma equipe pequena e com voluntários cuidando da engenharia de dados. Na quarta-feira, porém, Zhang abriu seu e-mail e se deparou com a nova realidade: sua conta pelo uso da Vercel, uma empresa de hospedagem na web, custou US$ 96.280 na última semana.

Ela não trabalha com investidores externos por que não quer criar muitos vínculos. Além disso, acredita que poucas pessoas colocariam seu dinheiro em artistas independentes.

A página inicial da Cara é muito parecida com a do X (antigo Twitter) – Imagem: Reprodução/Cara

Fato é que ela vai precisar de grana para pagar essa conta – e outras mais caras ainda que devem aparecer futuramente.

As próximas semanas podem ser decisivas para essa rede social diferentona. Ou ela se “vende” e entra de vez no mercado. Ou ela desaparece. O mais importante para Zhang, no entanto, é saber que tem muita gente que pensa como ela. A Inteligência Artificial pode ser boa. Mas não o tempo todo.

As informações são do Tech Crunch.

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