Tempestade solar recorde eletrificou a Terra

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, no fim de semana de 10 e 11 de maio deste ano, a Terra foi atingida por uma supertempestade geomagnética. De acordo com a plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, além de proporcionar algumas das auroras mais espetaculares dos últimos 500 anos, o evento também teve um impacto significativo na eletrificação do planeta.

“Nossos sensores detectaram uma mudança significativa na eletricidade atmosférica”, disse o professor Gang Li, físico espacial da Universidade do Alabama, nos EUA. “Todo o circuito elétrico global da Terra foi afetado pela tempestade”.

Representação artística de uma tempestade solar atingindo a Terra. Crédito: Elena11 – Shutterstock

A Terra possui um “circuito elétrico global” gerado por tempestades que criam uma diferença de carga entre o solo e a ionosfera, situada a cerca de 50 km de altitude. Diariamente, ocorrem aproximadamente 40 mil tempestades em todo o planeta, que atuam como baterias, bombeando eletricidade para o topo da atmosfera, o que resulta em uma queda de tensão de impressionantes 250 mil volts.

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Impacto das tempestades solares no circuito elétrico global da Terra

Embora o ar não seja um bom condutor de eletricidade, os raios cósmicos do espaço profundo ionizam a nossa atmosfera, criando condutividade suficiente para que correntes elétricas fluam em resposta à tensão gerada. Assim, o próprio ar que respiramos é eletrizado.

Em abril, Li e seus colegas publicaram um estudo na revista Space Weather, analisando o impacto das tempestades solares no circuito elétrico global. A pesquisa revelou como as ejeções de massa coronal (CMEs), ao se aproximarem da Terra, varrem os raios cósmicos, diminuindo sua intensidade – esse evento foi batizado de “Diminuição de Forbush”, em homenagem ao físico americano Scott Forbush, que estudou os raios cósmicos no início do século passado.

Durante essa diminuição, menos raios cósmicos ionizam a atmosfera, alterando a condutividade do circuito elétrico global. O estudo de Li mostrou que grandes diminuições de Forbush aumentam os campos elétricos atmosféricos.

Comparação entre a incidência de raios cósmicos (material solar) sobre a Terra durante a supertempestade geomagnética de maio de 2024 e os campos elétricos do planeta. Crédito: J. Tacza, G. Li e J.-P. Raulin

A CME, ou jato de plasma solar, que atingiu a Terra no início de maio causou uma diminuição de Forbush extremamente intensa. “Foi um benefício para nossa pesquisa”, observou Li. A monitorou duas estações de campo elétrico no Complexo Astronômico El Leoncito (CASLEO), na Argentina, um local utilizado regularmente para estudar o circuito elétrico global. 

Durante a supertempestade, os campos elétricos aumentaram de 10% a 15%, um efeito que persistiu por mais de quatro dias. “Isso está de acordo com o que previmos em nosso estudo”, afirmou Li.

Essas mudanças na eletricidade atmosférica podem influenciar diversos fenômenos, desde a probabilidade de chuvas e raios até as trajetórias de voo das aranhas balonistas, que utilizam campos elétricos para se deslocar pelo ar. Embora esses aracnídeos possam ter conhecimento desse fenômeno há muito tempo, a ciência humana está apenas começando a compreendê-lo.

A supertempestade geomagnética não apenas proporcionou um espetáculo visual extraordinário para os observadores de auroras, como também nos deu uma nova perspectiva sobre a complexidade e a interconectividade dos sistemas naturais da Terra.

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